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Em Clima de Eleição

Vou falar um pouquinho da política
que norteia os destinos da cidade.
Peço a D-us que me guie na verdade
por estrada eficaz e analítica.
De maneira poética, porém crítica,
vou mostrar a real situação,
dissertar sobre a tal oposição
e de quem crê que o poder é soberano,
que o pleito será no próximo ano,
mas o clima já é de Eleição.

Quem fizer um passeio, pode olhar
a disputa vermelha e amarela.
Um escreve que “a vez agora é dela”,
outro aponta: “O atraso quer voltar”.
Cada qual garantindo seu lugar
num confronto que está polarizado.
Democrático é pra ser o nosso Estado,
mas o cetro na mão aqui se herda.
É Queiroz e é Miriam Lacerda
(e é difícil surgir um novo lado).

Quem é cabo eleitoral ativo
já está preparando seu futuro,
faz pintura em parede, pedra e muro,
já reveste seu carro com adesivo.
Defendendo um partido com motivo
feito alguém que defende seita ou time.
Mas é bom que essa luta se aproxime
dos que sofrem em becos e vielas,
dos famintos carentes das favelas,
pobres vítimas sofridas do regime.

Eu desejo mais discussões sensatas
Com análises fiéis da conjuntura,
que não haja desvios de postura
nem apoio exclusivo a magnatas.
Que a peleja por siglas dessas datas
não sustente o reinado de caudilhos,
que é preciso arrancar os empecilhos
e saber a verdade o quanto custa,
pra cidade ficar sempre mais justa
para nós e também p’ra nossos filhos.

Jénerson Alves

(Texto publicado na Revista Hélio Júnior, edição I)

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