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Atitude



Voei célere aos páramos da pureza
Fiquei ébrio de graça e de virtude,
Pra falar sobre o tema ‘Atitude’
Vi a lâmpada da fé ficar acesa.
Pois um age com amor e com destreza,
Outro age com ódio e sem pensar,
Um que vive em boteco e lupanar,
Entre néscios, nefastos e ateus,
Outro busca escutar a voz de D-us
Lhe dizendo onde deve caminhar.

Há quem pense somente em enricar,
E um baú com tesouros escondido,
Entretanto no mundo é afligido
E vê o ímpio cruel a prosperar...
Desta feita, começa a questionar
As virtudes do trono divinal,
Mas quem busca só bem material,
Tem um fim consumido por terrores,
Só vislumbra os espinhos, não as flores,
Passa a agir igualmente a um animal.

O cristão tem de ter outro ideal
E seguir o exemplo de Jesus,
Que humilhou-Se e morreu em uma cruz
Quando esteve no clima terreal.
Hoje está no Palácio Divinal
E o Seu nome é maior entre os demais
Pôs um fim às ações do Satanás
Trouxe luz para um mundo sem tem cor,
Toda língua dirá que Ele é Senhor
Para a glória de D-us, o Pai dos pais.



Atitudes bonitas dos pardais,
Passarinhos de vida sã, dinâmica,
Formam pares de ordem monogâmica,
Se alimentam de grãos e cereais,
Sabem todas as notas musicais,
Quando cantam, só cantam muito bem,
Pelos ocos das árvores se mantêm,
Porém temem corujas e falcões,
Mesmo assim seguem em todas direções,
Não desejam maldade pra ninguém.

Cururu é um sapo que contém
A feiura maior da natureza,
Não possui nem um pingo de beleza
Mas não ‘chia’, nem fala que é refém.
Um esmalte não passa, unha não tem,
Sua esposa não tem sequer batom,
Boticário, Natura, nem Avon,
Vive em lagos, são úmidos, mas é brando
E na hora que fica coaxando,
É dizendo pr’o mundo: “D-us é Bom!’

Urubu nunca vai ao Papillon,
Vê carniça, mas come igual banquete,
Lagartixa visita um palacete,
E vai ao lar do campônio achando bom.
A cigarra a cantar, procura o tom,
A formiga trabalha com pureza,
A aranha faz teia, caça a presa,
A burguesa a cantar, fica feliz,
Quem vê isso, analisa, pensa e diz:
‘Quanto é grande o Autor da Natureza!’



Admiro é a força da tigresa,
Mesmo forte, não mata por vingança...
A barata faz medo, mas é mansa,
A galinha detesta safadeza...
Toda garça parece uma princesa,
Quando voa não usa poluente,
Vaga-lume tem luz sem ter corrente,
O jumento trabalha e tem voz boa,
Não tem obra de D-us vivendo à toa,
Se Ele ama os bichinhos, quanto mais gente?

Eu desejo demais ser bem mais crente,
Ler a Bíblia, honrá-Lo, me humilhar,
Ser sincero e orar, me derramar,
Não ser morno, mas ser um crente quente...
Declarar que Ele é Onipotente
Ser escravo das grades do Amor,
Amar todo meu próximo, honrar a flor,
E no mar do sorriso submerso
Demonstrar para todo o Universo
Atitudes de servo do Senhor.

Jénerson Alves 

Poema recitado na Reunião de Jovens da Igreja Apostólica Shekná, em Caruaru-PE (24-03-2012)

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