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Missionários brasileiros estão presos há três meses no Senegal

O pastor presbiteriano José Dilson, e a missionária da Missão Servos Zeneide Moreira estão detidos desde o dia 6 de novembro de 2012 no Senegal. Eles trabalham com o Projeto Obadias, que acolhe e cuida de crianças em situação de risco, mas foram acusados de alojá-las sem permissão dos pais ou da justiça. Dilson informou que o processo de pedido de legalização do projeto já foi iniciado há algum tempo, mas as explicações não foram suficientes.
Segundo o executivo da APMT (Agência Presbiteriana de Missões Transculturais), Marcos Agripino, “o processo contra os missionários está correndo dentro das ‘normalidades da lei’ senegalesa. Não existe, até o momento, nenhuma acusação formal por parte do Ministério Público do país. O que há é apenas uma denúncia”. Em visita recente ao projeto Obadias, José Dilson, Zeneide e os missionários Gerson e Marília Troquez acompanharam o juiz e sua equipe até o Projeto Obadias. Cada criança foi ouvida individualmente pelos oficiais da justiça, que também avaliaram as instalações. Segundo Gerson, “os oficiais da justiça ficaram bem impressionados com a estrutura do Projeto, mas questionaram a orientação religiosa que as crianças recebem”.
A expectativa era que a justiça do Senegal concedesse a liberdade provisória aos missionários na última segunda-feira, dia 11, mas isso não ocorreu. “Aguardamos que isto aconteça nos próximos dias. O pai do menino que fez a denúncia será ouvido na próxima sexta-feira, dia 15”, informou Gerson. Segundo a lei do Senegal, a resolução do processo pode demorar até seis meses.
A APMT informou ainda que já acionou o Itamaraty quanto à situação dos missionários e solicitou providências à Embaixada Brasileira no Senegal, ao Ministério das Relações Exteriores, à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal.

Cristo “algemado”

Em carta enviada ao Brasil, no dia 6 de fevereiro, o pastor José Dilson demostrava confiança em Deus e certeza de que a privação da liberdade era parte da sua missão. “Por 31 anos tenho compartilhado as boas novas, não só no Brasil, mas há 22 anos aqui na África. Agora este juiz me deu um novo público. Fui preso com pessoas às quais jamais teria acesso. Nunca teria sido possível compartilhar com elas em outra situação. E, com certeza, eu jamais estaria aqui por minha livre e espontânea vontade. Oremos para que a Palavra pregada encontre guarida nestes corações sedentos — que nenhum ‘pássaro’, ‘espinho’ ou ‘pedra’ atrapalhem o crescimento dessas sementes. O nosso consolo é que temos um Cristo ‘algemado’ conosco”, disse ele. Dilson está junto com 43 outros presos na mesma cela.
Zeneide também tem demostrado convicções do trabalho que Deus está fazendo por meio dela. “Quando cheguei aqui os dias pareciam não ter fim, as noites eram ainda piores. Dormir por três horas em uma noite só me foi possível a partir do segundo mês. Agora os dias parecem pequenos. Tenho que me organizar para saber dividir a minha atenção. É uma palavra de encorajamento aqui, uma oração ali, uma aula de francês. Mesmo com as minhas limitações tenho arrancado sorrisos das mulheres ao fazê-las expressar frases na língua oficial do seu país. Ver a alegria de poder reconhecer uma palavra, alguém que antes não conhecia uma letra, é algo realmente incrível, indescritível. Olhar outras receberem um dinheiro, fruto do seu trabalho com artesanatos dentro da prisão... Ah! queridos parceiros, isto não tem preço”. Ela divide sua cela com mais 33 mulheres.


Fonte: Ultimato

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