Pular para o conteúdo principal

Victor. Apenas Victor

Ele tem 14 anos. Apesar da pouca idade, consegue dar lições de vida, mais preciosas do que ouro e prata, para quem se aproxima dele. Essas lições não são dadas através de discursos, mas de ações simples que fazem parte do seu caráter. Estou falando de Victor. É assim que o chamamos. Victor. Apenas Victor.

Uma das lições que aprendo com ele é que carinho não é coisa que se guarda. Pelo contrário. Carinho existe para ser dado. Palavras doces existem para ser proferidas e adoçar a alma de quem as ouve. Ele é assim. Sua voz lança flores por onde passa, fazendo cessar tristezas e semeando esperanças. Não são raros os momentos nos quais ele profere frases de gratidão e fé, tanto para os pais, quanto para as irmãs, para os amigos. E não são lisonjas baratas e hipócritas. São expressões vivas de um coração que capta a beleza, de olhos que enxergam o puro e de lábios sinceros. Quero aprender a seguir esse exemplo dele. Quero ter palavras doces, mesmo diante de dissabores.

Com ele, eu também aprendo que o respeito, a consideração, o altruísmo, são virtudes consolidadoras do caráter. Esse rapazinho costuma prestar a mesma atenção, tanto a uma garotinha da mesma idade quanto a uma senhora idosa que anseie conversar com ele. Victor percebe que comunga da força e da alegria dos jovens, mas aprecia a sabedoria e a experiência das gerações anteriores. E honra a ambos. Quero ser assim também. Quero aprender a vislumbrar os horizontes que os mancebos alcançarão, mas sabendo manter a segurança dos decanos.

Esta semana, ele soube de uma notícia muito triste, que abalou a todos. Família, amigos, igreja, escola... Victor está com uma doença grave, no cérebro. Esse diagnóstico foi semelhante a um eclipse que transforma o dia em noite, repentinamente. A tristeza gerada no coração chegou aos olhos, transformada em lágrimas. O travesseiro virou pedra e o sono não veio. A mãe – sensível, doce e guerreira – sentiu uma dor que não cabe em canto algum, nem nesse texto. O pai – forte, seguro e sábio – percebeu a fragilidade de não saber o que fazer. E, igualmente a eles, todos nós ficamos sem céu e sem chão.

Entretanto, Deus permanece acima do Céu e a Terra permanece em Suas mãos. O Espírito dEle pairou sobre essas águas. 
A esperança se renovou. 
A fé não morreu. Na mais recente vez que vi Victor, ele estava com um pouco de dificuldade de falar. 
As palavras estavam meio enroladas. Isso é um baque, para quem é acostumado a ouvi-lo cantar com a articulação perfeita das palavras. Seus movimentos no braço esquerdo estavam um pouco debilitados. 
Isso também não é nada agradável, pois eu sempre me deleitava ouvindo seu dedilhar no violão, carregado de acordes com tensões. 
Mas uma coisa permanece mais viva e mais nítida: ele está vivo. E a fé é a seiva que lhe nutre. E o amor é o Caminho que ele trilha. E a esperança é o alvo de seu olhar.

Vale registrar o seguinte: ele estava jogando vídeo-game, mesmo com os movimentos um tanto limitados. E mais: estava ganhando dos oponentes! Essas vitórias nos jogos são metáforas da vitória na vida. A doença que tentou lhe abater é quem se abate. Creio que o Senhor Eterno fará grandes obras por meio dessa situação. Estou convicto. E com Victor. Creio que ele é Victorioso. A sua força habita na fraqueza, pois a força dEle vem do Alto – insondável, invisível, intangível, mas verdadeiramente verdadeiro e realmente real.

Quero pedir a você, que leu estas linhas até agora, que ore em prol da saúde de Victor. Ele está internado em um hospital, em Caruaru-PE. O tratamento está na fase inicial. 
Contudo, pela fé, eu creio que o Senhor operará milagre, mediante a Sua sacrossanta vontade. 

Junte-se a nós nessa intercessão. 

Ponhamo-nos de joelhos por essa causa. 

Vislumbremos a História sendo escrita pelo dedo de Deus.

Postagens mais visitadas deste blog

Professor Reginaldo Melo

por Jénerson Alves Texto publicado na Coluna Dois Dedos de Prosa, do Jornal Extra de Pernambuco - ed. 625 Ao lado de outros poetas de Caruaru, entrei no apartamento onde o professor Reginaldo Melo está internado há três semanas, em um hospital particular. Ele nos recebeu com alegria, apesar da fragilidade física. Com a voz bem cansada, quase inaudível, um dos primeiros assuntos que ele pediu foi: “Ajudem-me a publicar o cordel sobre o Rio Ipojuca, que já está pronto, só falta ser levado à gráfica”. Coincidentemente, ele estava com uma camisa de um Encontro sobre a questão hídrica que participou em Goiás. Prof. Reginaldo (centro), ao lado de Espingarda do Cordel (e) e Jénerson Alves (d) Durante o encontro no quarto do hospital, ocorrido na última semana, quando Olegário Filho, Nelson Lima, Val Tabosa, Dorge Tabosa, Nerisvaldo Alves e eu o visitamos, comprometemo-nos em procurar os meios para imprimir o cordel sobre o Rio Ipojuca, sim. Além disso, vamos realizar – em n

Apeirokalia

Do grego, a palavra ‘apeirokalia’ significa “falta de experiência das coisas mais belas”. A partir deste conceito, compreende-se que o sujeito que não tem acesso a experiências interiores que despertem o desejo pelo Belo, pelo Bem e pelo Verdadeiro durante a sua formação, jamais alcançará o horizonte de consciência dos sábios. A privação às coisas mais belas predomina em nosso país. Desconhecemos biografias de nossos ancestrais – ou, quando conhecemos, são enfatizados aspectos pouco louváveis de suas personalidades. As imagens identitárias do nosso povo são colocadas a baixo. Esculturas, construções, edificações, pinturas são pouco apresentadas. Até a nossa língua tem sido violada com o distanciamento do vernáculo e do seu significado.   A música real tem perdido espaço para séries de ritmos abomináveis. Este problema perpassa por uma distorção da cosmovisão sobre o próprio ser humano. Hedonista, egocêntrico e materialista, o homem moderno busca simplesmente o seu bem-estar.

1º de agosto - Dia do Poeta da Literatura de Cordel

Hoje (1º  de agosto) é o Dia do Poeta da Literatura de Cordel. Este gênero de tanta grandeza cultural predomina no Nordeste brasileiro, mas possui raízes europeias, tendo chegado ao Brasil através dos portugueses, no século XVIII. Ao longo da história, grandes poetas cultivaram essa forma de expressão artística, que possui expoentes ainda hoje. Por isso, nossa equipe preparou um especial, com estrofes memoráveis criadas por cordelistas de todos os tempos. Confira: Os nossos antepassados Eram muito prevenidos, Diziam: “Matos têm olhos E paredes têm ouvidos. Os crimes são descobertos, Por mais que sejam escondidos”. (Leandro Gomes de Barros) João Grilo foi um cristão Que nasceu antes do dia, Criou-se sem formosura, Mas tinha sabedoria E morreu depois da hora, Pelas artes que fazia. (João Ferreira de Lima) Só pune a honra o honrado Porque é conhecedor, Pois o honrado conhece Que a honra tem valor E quem fere a honra alheia Fica sendo devedor. (Caetano