Pular para o conteúdo principal

Foi escrita com sangue no madeiro a maior expressão de amor por mim



Vez em quando, eu padeço um aperreio,
Sem afeto, sem graça, sem amor...
Vejo o mundo, um porão assustador,
Que me enche de trauma e de receio.
Nesta hora, ao lembrar que Cristo veio
E derramou o Seu sangue carmezim,
Meu deserto floresce igual jardim
E o crisântemo do amor traz um bom cheiro.
Foi escrita com sangue no madeiro
A maior expressão de amor por mim.

Escrevi um poema de amor
E entreguei de presente à minha amada.
Ela leu, desdenhou, não disse nada
E eu fiquei lamentando a minha dor.
Mas lembrei que Jesus, o Salvador,
Fez da vida canção. E foi assim
Que a tristeza em meu peito teve fim
E hoje vivo feliz o tempo inteiro.
Foi escrita com sangue no madeiro
A maior expressão de amor por mim.

Jesus Cristo tombou pela poeira
Com o peso da cruz que carregou,
Mas Simão Cireneu O ajudou
A levar a cruz feita de madeira.
Ao chegar na colina da Caveira
Um ladrão zombou dEle com pantim,
Mas o outro, creu firme, e Cristo, enfim,
Deu perdão para aquele desordeiro.
Foi escrita com sangue no madeiro
A maior expressão de amor por mim.

Meio-dia, as sombras preenchiam,
E o povo bramava em várias vozes.
O Senhor deu perdão aos Seus algozes,
Por não terem noção do que faziam.
Sacras luzes da cruz 'inda irradiam
E às trevas da alma põem um fim,
Que a entrega do Filho de Elohim
Alforria quem sofre em cativeiro.
Foi escrita com sangue no madeiro
A maior expressão de amor por mim.

Contemplei o Senhor crucificado
No lugar meu e teu, de Barrabás,
Sobre Ele o castigo deu-me paz
E pelas Suas feridas fui sarado.
Lá na cruz fui remido, perdoado,
Escapei da prisão do 'Coisa Ruim',
Hoje canto do jeito de um vim-vim
Libertado no sangue do Cordeiro.
Foi escrita com sangue no madeiro
A maior expressão de amor por mim.


Jénerson Alves, 04.04.2016

Postagens mais visitadas deste blog

Professor Reginaldo Melo

por Jénerson Alves Texto publicado na Coluna Dois Dedos de Prosa, do Jornal Extra de Pernambuco - ed. 625 Ao lado de outros poetas de Caruaru, entrei no apartamento onde o professor Reginaldo Melo está internado há três semanas, em um hospital particular. Ele nos recebeu com alegria, apesar da fragilidade física. Com a voz bem cansada, quase inaudível, um dos primeiros assuntos que ele pediu foi: “Ajudem-me a publicar o cordel sobre o Rio Ipojuca, que já está pronto, só falta ser levado à gráfica”. Coincidentemente, ele estava com uma camisa de um Encontro sobre a questão hídrica que participou em Goiás. Prof. Reginaldo (centro), ao lado de Espingarda do Cordel (e) e Jénerson Alves (d) Durante o encontro no quarto do hospital, ocorrido na última semana, quando Olegário Filho, Nelson Lima, Val Tabosa, Dorge Tabosa, Nerisvaldo Alves e eu o visitamos, comprometemo-nos em procurar os meios para imprimir o cordel sobre o Rio Ipojuca, sim. Além disso, vamos realizar – em n

Apeirokalia

Do grego, a palavra ‘apeirokalia’ significa “falta de experiência das coisas mais belas”. A partir deste conceito, compreende-se que o sujeito que não tem acesso a experiências interiores que despertem o desejo pelo Belo, pelo Bem e pelo Verdadeiro durante a sua formação, jamais alcançará o horizonte de consciência dos sábios. A privação às coisas mais belas predomina em nosso país. Desconhecemos biografias de nossos ancestrais – ou, quando conhecemos, são enfatizados aspectos pouco louváveis de suas personalidades. As imagens identitárias do nosso povo são colocadas a baixo. Esculturas, construções, edificações, pinturas são pouco apresentadas. Até a nossa língua tem sido violada com o distanciamento do vernáculo e do seu significado.   A música real tem perdido espaço para séries de ritmos abomináveis. Este problema perpassa por uma distorção da cosmovisão sobre o próprio ser humano. Hedonista, egocêntrico e materialista, o homem moderno busca simplesmente o seu bem-estar.

1º de agosto - Dia do Poeta da Literatura de Cordel

Hoje (1º  de agosto) é o Dia do Poeta da Literatura de Cordel. Este gênero de tanta grandeza cultural predomina no Nordeste brasileiro, mas possui raízes europeias, tendo chegado ao Brasil através dos portugueses, no século XVIII. Ao longo da história, grandes poetas cultivaram essa forma de expressão artística, que possui expoentes ainda hoje. Por isso, nossa equipe preparou um especial, com estrofes memoráveis criadas por cordelistas de todos os tempos. Confira: Os nossos antepassados Eram muito prevenidos, Diziam: “Matos têm olhos E paredes têm ouvidos. Os crimes são descobertos, Por mais que sejam escondidos”. (Leandro Gomes de Barros) João Grilo foi um cristão Que nasceu antes do dia, Criou-se sem formosura, Mas tinha sabedoria E morreu depois da hora, Pelas artes que fazia. (João Ferreira de Lima) Só pune a honra o honrado Porque é conhecedor, Pois o honrado conhece Que a honra tem valor E quem fere a honra alheia Fica sendo devedor. (Caetano