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por Jénerson Alves
Quando disserem: “há paz”, mas os jovens ainda forem
extremamente mal-educados, sem significados, sem sonhos, sem altruísmo, o mundo
permanecerá sendo um barril de pólvora, pronto para explodir a qualquer
momento.
Quando disserem: “há paz”, mas os idosos ainda forem
lançados em um calabouço social, de modo que os cabelos brancos deixem de
representar respeito e serenidade e passem a ser coisa alguma, esta paz dita
será apenas um engodo, uma falácia, uma fantasia.
Quando disserem: “há paz”, mas as crianças ainda forem
desorientadas, deseducadas, desestimuladas, o que haverá será apenas um estado
de letargia, de esvaziamento, de desesperança.
Quando disserem: “há paz”, mas a alma das pessoas
ainda não for o foco das ações dos líderes – de qualquer instância, seja ela
municipal, estadual, federal, institucional, sindical, ou qualquer outra –, o
que haverá tão-somente será calmaria, massificação, controle.
Quando disserem: “há paz”, mas a categorização das
pessoas ainda permanecer, de modo que o ser humano acredite ser capaz de
distinguir quem é quem – ou como se as configurações étnicas, estéticas,
religiosas, filosóficas, políticas ou familiares fossem conceitos fechados que
delimitam os espíritos –, o que haverá não passará de tola tolerância.
Quando disserem: “há paz”, mas os corações ainda
estiverem militarizados com ódio, rancor, preconceito, autossuficiência,
egoísmo, soberba e ganância, as armas exteriores permanecerão sendo
representações materiais de armas interiores, venenos que matam sutilmente,
quebrando e rachando relações externas e internas, desumanizando o alvo e o
cerne.
Quando disserem: “há paz”, mas essa paz não vir de
dentro para fora, não for produto da consciência, não nascer da essência e do
espírito, não exceder todo entendimento, todo contexto, toda particularidade da
existência, essa paz não será verdadeira. E se precipitará repentina
destruição... Ainda muitas águas correrão por muitas pontes, e o que virá ainda
não será o que se espera. Só haverá paz quando for possível enxergar além do
véu. Mas, há quem queira enxergar?