Acabo de dar uma rápida olhada nas mensagens que me chegam via Orkut, Facebook, E-mail, Twitter e celular. Percebo quão banalizadas estão duas palavras que considero da mais alta importância: Amo Você. Reflito diante de frases copiadas não sei de onde e enviadas para “todos os amigos” das redes sociais. Vejo que recebo palavras de carinho on-line oriundas de pessoas que não costumam, sequer, responder a cumprimentos meus no cotidiano. Imagino que esse tipo de gente, que não consegue amar na vida real, deve fazer do mundo virtual uma espécie de válvula de escape, no qual o computador serve de ‘analgésico’ diante da dor provocada pelo vazio existencial que lhes crucia.
Na internet, não há contato. Não há estresse, não há ‘cara feia’, não há canseira, não há vida. Há apenas ‘emoctions’ e desenhos bem fofinhos, que tornam a página da web “linda” – mesmo que a página da existência seja marcada por conflitos e inseguranças. Fica fácil amar pelo teclado, mas as quatro letras que formam a palavra ‘Amor’ não são um mero amontoado de signos. Sei que tornou-se difícil falar sobre Amor depois que o apóstolo Paulo escreveu o texto de I Coríntios 13. No entanto, lembro-me que, no texto em grego, o vernáculo utilizado por Paulo foi ‘Ágape (agapein)’. Essa palavra é revestida de um significado incrível, que deixou os gregos – acostumados ao tecnicismo e à racionalidade – completamente atônitos diante do caráter de incondicionalidade e sublimidade impressos pelo amor cristão. Mais do que isso. Esse amor não se constituía em apenas um discurso eloquente, mas sim em um estilo de vida. Caso contrário, seria tão-somente “como o bronze que soa ou o címbalo que retine”.
Acredito que o significado desse amor precisa ser mais uma vez colocado em evidência nos dias atuais. As palavrinhas bonitinhas copiadas nos perfis das redes sociais não humanizam a internet, tampouco expressam a seiva nutritiva que dá razão à existência. Nesse sentido, os perfis das redes sociais são uma espécie de “Self Idealizado”, construído por intermédio de ilusões criadas a partir de espelhos distorcidos. Preocupa-me ver uma juventude que diz amar pelo MSN, mas é incapaz de discernir as implicações do amor. Esses jovens que são doutrinados pelas músicas de forró estilizado e têm as novelas globais como gurus espirituais não conseguem vislumbrar o horizonte do Ágape.
Acredito que só é possível aprender a amar com Aquele Que É Amor. E o amor ensinado por Jesus não é sinônimo de facilidade, tampouco de felicidade (sobretudo esse conceito materialista de que a felicidade é a plena conquista de posses). O que Ele ensinou foi doação (ou melhor, dor-ação). Com mais firmeza do que Nietzsche, Jesus ensina que não se pode fugir da dor. Porque, apenas quando se encara a dor existe coragem para ‘peitar’ a vida frente a frente. E é isso o que o Meigo Nazareno que conduziu a cruz nos ensina. Diferentemente de Sidarta Gautama, que apregoava a necessidade de diminuição da pessoalidade, Jesus manda negar o “Si-Mesmo” (“Self Idealizado”). Nele conseguimos enxergar o nosso “eu”, pois apenas Ele É.
O verdadeiro amor faz morrer o egoísmo, o medo, as incertezas e a desconfiança. Ele não quer saber de redomas nem de garantias. Não é piscina, mas é oceano, onde o desejo é se jogar e nadar – às vezes, deixar-se boiar pelo caminho das ondas. Amor é a morte do “Si-Mesmo” para vivenciar o “Eu” que se transforma em “Nós”, entranhados pelo Espírito.
Jénerson Alves