Sempre gostei da temática de máquinas dominando seres humanos, narrativa comum em filmes de ficção científica que marcaram minha geração. Hoje percebi que o futuro distópico deixou os roteiros de cinema e veio para a vida real. E a realidade é mais aterradora do que a ficção.
Não precisou nenhuma revolução das máquinas. HAL não precisou se contrapor às ordens. Também não foi necessário fazer mutações genéticas, transformando homens em androides.
Basta olhar nos olhos de algumas pessoas – jovens, adolescentes, adultos ou até mesmo crianças! São olhos vazios. “Lucerna corporis est oculus”. E o que fazer se nos olhos não há luz?
São corações estéreis de sonhos, gélidos de sentimentos; são mentes escassas de ideias, cérebros de rasos pensamentos. E como estará a alma?
Imaginar um futuro a partir dessas perspectivas é um estopim para o desespero. Um futuro sem futuro.
Todavia, recuso-me a aceitar tão nocivo prognóstico. Prefiro crer que a Providência continua providente. Há remanescentes humanos, cuja consciência vai além da matrix. São olhos que – mais do que veem – enxergam; corações que pulsam; mentes que refletem; almas que vivem. Semeadores de esperança que colherão luz.
Texto: Jénerson Alves
Imagem: Frame do filme ‘2001, uma odisseia no espaço’