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Escritora critica participação da escola na formação de leitores

Por Jénerson Alves

A formação de leitores foi tema da primeira palestra do Festival Internacional de Literatura Infantil de Garanhuns (Filig). Na ocasião, a escritora colombiana Irene Vasco contou um pouco de sua experiência naquele país, tendo em vista que ela é fundadora do projeto ‘Espantapájaros’, o qual é considerado uma iniciação para autores de livros infantis, bem como também ministra oficinas e participa de contação de histórias. Segundo ela, desenvolver o apreço pela leitura é um desafio dos centros de educação.

Quando indagada sobre o papel da escola na formação de novos leitores, ela classificou o cenário como “difícil”. “Na Colômbia, a biblioteca pública é uma grande formadora de leitores. Cada vez, surgem melhores bibliotecas públicas com melhores coleções, os bibliotecários estão cada vez mais entendendo o papel de formação de leitores, de fazer contação de histórias, colocar livros nas mãos das crianças, despertar o interesse pela leitura. A escola, porém, está empenhada em atribuir valores, controlar, fazer leituras não para emocionar, mas para fazer trabalhos”, criticou.

Autora escreve livros há mais
de 25 anos. Foto: Jénerson Alves
Além disso, em sua fala, a escritora traçou um panorama sobre como é a educação na Colômbia, elencando desafios e oportunidades. Segundo ela, é necessário, além do acesso ao livro, estimular a leitura, através de atividades lúdicas que resultem na efetiva formação de leitores. “Só conseguiremos formar alunos leitores se tivermos também professores leitores”, disse.

Um aspecto defendido por Vasco é a qualidade estética das obras. “Tem que ser seletivo. Há livros de qualidade literárias e há livros de instruções. Há outros que têm intenções didática para transmissão de valores. Esses não são literatura. As crianças sabem diferenciá-los muito bem, assim como os adultos sabem diferenciar um livro de autoajuda de um romance majestoso”, diferencia.

Apesar de exaltar a importância da leitura, a escritora nega que essa é uma 'fórmula’ para o sucesso. “Não posso olhar os livros como redentores da vida, mas possibilidades de abrir oportunidades. Os livros são ferramentas para encontrar um caminho, não sei se para a felicidade”, comenta, em conversa com nossa equipe.

Ademais, a palestra foi mediada pelo representante do Ministério da Cultura (MinC), Roberto Azubel, o qual destacou que no Brasil o MinC e o Ministério da Educação estão buscando parcerias, no intuito de promover ações conjuntas que estimulem a leitura. Todavia, ele reconhece que há muitos desafios a serem vencidos e que é importante a constante reflexão sobre as políticas públicas a serem adotadas.

Irene escreve livros há mais de 25 anos, conquistando vários prêmios. Licenciada em Literatura pela Universidade del Valle, ela já traduziu obras de grandes escritores, inclusive brasileiros, como Moacyr Scliar, Ana Maria Machado e Marina Colasanti.


O Filig iniciou na quinta-feira 9 e segue até o domingo 12, com palestras, oficinas, rodas de leitura, feiras de livros e apresentações artísticas. O evento é realizado pela Proa Comunicação, com apoio da Prefeitura de Garanhuns, município situado no agreste pernambucano.O blog acompanhará as principais atividades do Festival.
Vasco foi a primeira palestrante do Filig.
Foto: Jénerson Alves


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