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Mulher à janela - por Jénerson Alves

Contrapondo-se ao culto exacerbado à razão que fora desenvolvido no Iluminismo, o Romantismo rompe grilhões e dá liberdade ao sentimento. O Romantismo foi gerado sob os impactos da Revolução Francesa de 1789. Diferentemente da França, os estados alemães não formaram uma classe de oposição ao governo, mas também perceberam reformas sociais advindas da Revolução, a exemplo de mudanças na estrutura administrativa, emancipação dos judeus e reformas educacionais.

Na literatura alemã, nomes como August Wilhelm Schlegel, Friedrich Schlegel, Novalis e Hölderlin são alguns dos ícones deste movimento. Na música, o Romantismo alemão nos trouxe Beethoven, com composições musicais que expressam os sentimentos humanos e emocionam milhares de pessoas ainda hoje. Já Caspar David Friedrich é um dos maiores representantes da pintura romântica alemã, em contraposição ao neoclassicismo e traduzindo a essência do Romantismo por intermédio de obras que representam melancolia e também o sublime da existência.

Em 'Mulher à Janela', o pintor apresenta a justaposição entre o interior e o exterior, o artificial e a natureza. Na tela, vê-se uma jovem em pé, junto à janela do estúdio de Friedrich - que parece sem vida e solitário, a não ser pela presença da mulher. Sabe-se que a modelo é Carolina, esposa do artista, a qual se encontra de costas (como é costume nos quadros de Friedrich). Da mesma forma da mulher à janela, podemos nos sentir solitários diante de um mundo e de um tempo repleto de incertezas e mistérios. Um olhar para fora que também nos convida a olhar para dentro - para o nosso espírito e nossa identidade.


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