Pular para o conteúdo principal

Ela e eu...

Fico confuso ao pensar nela. Fico impressionado com a sua magnificência. Tantas coisas difíceis para mim são simples para ela. Não há barreiras entre seu coração e seus lábios. Ela expressa com facilidade tudo aquilo que há no âmago do seu ser. Os seus olhos enxergam a beleza da vida com simplicidade. Seu sorriso emite a certeza de que a vida é um passeio do qual se deve aproveitar o máximo. Seu toque demonstra que não se pode estar sozinho nessa jornada emocionante chamada viver.


A facilidade que ela tem de refletir alegria contrasta com minha melancolia. Não, não sou triste. Entretanto, sou pensativo, silencioso, analítico... Outras vezes, sonhador. Nem sempre consigo ‘aterrissar’ na hora certa. Tento prender minhas ideias na cabeça, mas elas voam... Não tenho habilidades motoras suficientes para dançar – sempre que tentei, foi um desastre. Minha inibição faz com que eu não seja um bom parceiro para certas ‘loucuras’. Gosto de ‘festas’, mas me sinto meio deslocado nelas... Minha identidade ainda está em formação... A Verdade que liberta atesta que ainda há grilhões dentro de mim...

Não tenho um bom relacionamento com as palavras faladas. Elas somem. Eu gaguejo, falo asneiras, perco até a afinação da voz. Preciso escrever para transmitir o que sinto. Meus sentimentos são complexos, não cabem em poucas frases. Meu olhar é plangente, inapto em expressar a alegria em conhecê-la e o desejo de estar perto, perto, bem perto dela... Minhas mãos não são hábeis em demonstrar carinho. Meus lábios beijaram poucas faces e meus abraços são raros. Não há frieza no meu coração, mas há fragilidade – a pequena máquina já caiu do meu peito várias vezes; não sei quantos baques mais poderá suportar...

Porém, isso não quer dizer que eu não consiga dividir um pouco da minha vida com ela. Eu assumo que tenho certas inadequações, mas o fulgor que há no meu coração é verdadeiro (e consciente). Não quero mudar a vida dela, só quero fazer parte – a parte que ela quiser me dar... Só basta ela me entender. E, se isso acontecer, tenho certeza de que não apenas eu me tornarei um novo ser, como também marcarei a sua existência eternamente.

Postagens mais visitadas deste blog

A Vocação de São Mateus

  Dentre as obras de Caravaggio, ‘A Vocação de São Mateus’ é uma das que mais provocam debates e reflexões. A tela, com traços realistas, parece fazer saltar ao mundo real o que está expresso no versículo 09 do capítulo 09 do Evangelho de S. Mateus: “Passando por ali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria, e disse-lhe: ‘Siga-me’. Mateus levantou-se e o seguiu”. O domínio da luz, inerente à verve do pintor barroco, é evidente na obra. O contraste da luz que entra pela janela no ambiente escuro parece representar o contato do mundo espiritual com o terreno – este reproduzido no grupo de pessoas à mesa e aquele pela figura do Senhor Jesus Cristo ao lado de São Pedro. Os indivíduos sentados à mesa parecem ter idades e posições sociais distintas. O mais relevante deles é Mateus, trajado de forma elegante e com uma postura de proeminência. Sem dúvida, uma boa exibição do que seria a conduta dos cobradores de impostos do primeiro século. No texto neotestamen...

3 mulheres cordelistas que você precisa conhecer

  JOSILEIDE CANTALICE Josileide Cantalice nasceu em Bezerros-PE, em 1959. É casada, mãe de dois filhos e avó de cinco netos. Aposentada. Começou a escrever poemas em 2015, aos 56 anos de idade. Ainda criança apreciava a Literatura de Cordel, lendo folhetos para seus pais e vizinhos. Recentemente publicou o seu primeiro livro, intitulado 'Poesia e Fé'. Disse Rute a Noemi: Eu não vou te abandonar Aonde quer que tu fores  Eu irei te acompanhar  E onde quer que pousares Também eu irei pousar. EDIANA TORRES Ediana do Socorro Torres Fraga nasceu em 01.05.1977, na cidade de Bezerros-PE. É mulher negra, agricultora, artesã, cabeleireira, poetisa e declamadora. Em 2017, foi uma das vencedoras do Primeiro Recital Poético de Bezerros. É integrante da AMALB (Associação do Movimento Artístico e Literário de Bezerros). Ensinar nossas crianças  Com carinho e com respeito  Ainda é o melhor caminho  Para um futuro perfeito; É formando o cidadão  Que se faz uma nação...

Professor Reginaldo Melo

por Jénerson Alves Texto publicado na Coluna Dois Dedos de Prosa, do Jornal Extra de Pernambuco - ed. 625 Ao lado de outros poetas de Caruaru, entrei no apartamento onde o professor Reginaldo Melo está internado há três semanas, em um hospital particular. Ele nos recebeu com alegria, apesar da fragilidade física. Com a voz bem cansada, quase inaudível, um dos primeiros assuntos que ele pediu foi: “Ajudem-me a publicar o cordel sobre o Rio Ipojuca, que já está pronto, só falta ser levado à gráfica”. Coincidentemente, ele estava com uma camisa de um Encontro sobre a questão hídrica que participou em Goiás. Prof. Reginaldo (centro), ao lado de Espingarda do Cordel (e) e Jénerson Alves (d) Durante o encontro no quarto do hospital, ocorrido na última semana, quando Olegário Filho, Nelson Lima, Val Tabosa, Dorge Tabosa, Nerisvaldo Alves e eu o visitamos, comprometemo-nos em procurar os meios para imprimir o cordel sobre o Rio Ipojuca, sim. Além disso, vamos realizar – em n...