Duas mulheres. Uma nascida em Mágdala, na Galileia, no 1º
século. Relatos sobre sua vida se encontram nos evangelhos. S. Lucas registra,
no capítulo 08: “Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios” (v.2).
Em meio a um emaranhado de rótulos das mais diversas naturezas, a tradição
cristã admite que, a partir de então, ela se tornou seguidora do Senhor Jesus,
acompanhando-o inclusive na crucifixão e sendo uma das primeiras testemunhas da
ressurreição (cf Jo 20).
A outra mulher nasceu em Roma, na Itália, no ano 1593. Seu
nome, Artemisia Gentileschi. Ela é uma das principais referências do Barroco
italiano. Entre as suas obras mais famosas, está ‘Maria Magdalena’, uma pintura
redescoberta em 2011, datada entre 1613 e 1620. Outros artistas apresentam
Magdalena com uma expressão de contemplação ou remorso por uma vida de pecado,
mas Artemísia a retrata com um ar de satisfação enquanto se rende ao Senhor
Deus.
O ombro descoberto simboliza um pouco da sensualidade da
mulher retratada. A cabeça curvada para trás e o leve sorriso indicam a alegria
por ter encontrado um caminho de paz, perdão e justiça. Com os olhos fechados,
a mulher de Magdala não olha para uma luz externa, mas para dentro de si mesma,
onde encontra o espírito do Salvador. Talvez nesta representação, Artemísia
também retrate um pouco de si mesma: uma mulher que enfrentou desafios
gigantescos, mas encontrou força para vencer através da luz celeste que
irradiava dentro de seu coração.