Pelas tradições judaico-cristãs, Adão nunca foi criança. O primeiro homem teria sido criado por volta dos 30 anos de idade, de acordo com algumas antigas suposições. Recordo-me que, no século XVII, o famoso arcebispo James Ussher, de Armag, Irlanda, realizou cálculos profundos sobre a cronologia do Gênesis e concluiu que a criação de Adão teria ocorrido em 23 de outubro de 4004 antes de Cristo.
Confesso que acho interessantes essas teorias, mas não vejo nelas o cerne da questão. Concordo com o professor Luiz Sayão: “muito da discussão popular entre Bíblia, História e Ciência é um equívoco desnecessário”. Esses relatos são preponderantemente teológicos – e, também, poéticos.
Causa-me um certo espanto perceber que o primeiro homem foi sempre adulto. Faltou-lhe o privilégio de viver em família, de ser guiado nos primeiros passos, de se deleitar com os raios da aurora da existência. Talvez por isso veio o pecado ao mundo. Soberba, maldade e erro são características predominantes em adultos.
Espanto ainda maior me causa perceber que Jesus Cristo também foi criança. O Rei do universo se tornou um bebê. Chorou, sorriu, deitou-se no colo carinhoso da Mãe e repousou nos braços do carpinteiro. Talvez por isso veio a salvação ao mundo. Inocência, bondade e amor são características predominantes nas crianças.
No decorrer dos dias, julgo que não há bem-aventurança maior do que reconhecer o senhorio de Cristo. Ele foi chamado por Paulo de “novissimus Adam”. Talvez, entre tantas lições que podemos aprender com o Sublime Mestre, uma delas é ter o coração de criança. E, assim, encontrar o reino dos céus.