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“Sempre gostei de aprender e de compartilhar o que aprendia”, diz a professora Eduarda Corvelloni

 

Graduada pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus Foz do Iguaçu, a professora Eduarda Corvelloni desenvolve um profícuo trabalho presencialmente e nas mídias sociais, apresentando a Língua Portuguesa de forma dinâmica e aprofundada. Ela fala conosco sobre os rumos do ensino da língua e a valorização do professor. Confira:






Na sua opinião, o ensino de Gramática e Redação pode contribuir nas competências comunicativas do estudante?

Acredito que sim. Todavia, para que o ensino gramatical realmente faça parte de tal contribuição, precisa ir além do ensino de nomenclatura (convenhamos, decorar o que é uma oração subordinada substantiva não tem impacto no real uso da língua). É preciso desenvolver habilidades de comunicação, por desenvolver textos (falados ou escritos) coerentes, coesos e concisos. Se um aluno consegue desenvolver essa habilidade de comunicação por fazer bom uso da língua e entender que há regras para que isso aconteça, terá muito sucesso. 



Você tem um trabalho voltado para exames e concursos. O que o estudante precisa fazer para ser aprovado? 

Bom, não há muito segredo. Precisa estudar. Mas, antes de começar a estudar de fato, é necessário que o candidato conheça a banca que aplicará a prova, quais os conteúdos que mais caem e, sobretudo, dar ênfase aos conteúdos que tem mais dificuldade de aprender. Some isso à resolução frequente de exercícios e de provas anteriores do cargo pretendido e elaboradas pela mesma banca. Isso é porque cada banca possui características próprias e conteúdos que mais costumam cair em seus exames. Assim, o aluno não perderá tempo estudando assuntos desnecessários e não cairá em pegadinhas na hora da prova. Isso vale para a redação também, é claro. Sempre pratique, estude e mantenha-se atualizado. E, para fechar, não deixe de lado o cuidado com o corpo e com a mente: atividade física e descanso fazem toda a diferença. Estudar cansado apenas para cumprir horas de estudo de nada valem, pois nada será aprendido. Conheça seu limite e faça seus horários de estudos em cima disso e não em comparação ao que outros fazem. 


Fale-nos um pouco sobre sua vocação… você sempre quis ser professora?

Eu sempre gostei de aprender e de compartilhar o que aprendia. Porém, só pensei na profissão mesmo quando estava no último ano do ensino médio, e com certas dúvidas. Só que depois que iniciei o curso posso dizer que amei, senti que fazia sentido para mim e isso se confirmou quando comecei em sala de aula. Hoje olho para trás e fico feliz de ter escolhido o curso de Letras pois não me vejo fazendo outra coisa e sinto-me realizada de contribuir com o aprendizado e a formação de meus alunos, seja ensino regular ou preparação para concurso. É uma profissão muito linda, honrada e que ajuda a melhorar a vida das pessoas. 


Você acha que o professor é valorizado no Brasil?

Olha, de um modo geral, não. Só que isso acontece por uma série de fatores. Um deles é que há a crença de que qualquer um pode ensinar, basta ter o conhecimento. Outro, a questão salarial. Um concurso para professor, por exemplo, obviamente exige curso superior e o salário inicial não chega nem a quatro mil reais. Se você for pegar um concurso de nível superior de outro setor, como área tribunal, o salário inicial é de seis, oito ou até mesmo dez mil reais. Essa é uma pergunta que renderia uma boa conversa e acredito que não caiba dizer tudo aqui...


Que mensagem você traz a algum jovem que esteja concluindo o Ensino Médio e pense em se dedicar ao lecionato?

Digo que se decidir ingressar em curso de licenciatura, na primeira oportunidade que tiver, busque ter experiência em sala de aula (seja monitoria, estágios, etc). Isso porque apenas na experiência você percebe se realmente quer fazer isso. Por isso, não deixe para entrar em sala de aula apenas no último ano da graduação. Já vi diversos colegas que quando chegaram lá perceberam que não era isso que queriam para eles. Uma outra coisa que faz toda a diferença, além de ter conhecimento teórico, é gostar do que faz, porque se você gosta do que faz os alunos percebem isso e o processo de ensino-aprendizagem se torna muito mais prazeroso e eficaz. É a maior recompensa de um professor é ver seu aluno aprendendo e gostando de estudar. Recompensador.



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