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‘Clube do Repente’ completa 15 anos em Campina Grande-PB

Uma vez por mês, poetas e amantes da cantoria de viola têm um destino certo em Campina Grande-PB: o Restaurante Urca Grill (que fica na Rua 13 de Maio, 164), onde acontece o projeto ‘Clube do Repente’. Sempre com uma dupla de cantadores diferente, o projeto completa 15 anos de atividades nesta quinta-feira (02). A festa será regada a muita poesia: um show de canções com Antônio Silva e apresentações das duplas Ivanildo Vila Nova & Luciano Leonel e André Santos & João Lourenço. A noitada de viola também será transmitida pelo canal do YouTube (Iponax Vila Nova).

O coordenador do projeto, Iponax Vila Nova, conversou com o nosso blog sobre a história e os rumos do Clube do Repente. Confira:




Como surgiu a ideia de criar o Clube do Repente?
Em 2005, eu comecei a apresentar um programa de rádio. Já vivia profissionalmente da declamação desde 2000. Então, tudo é uma questão de querer se consolidar na profissão. Eu percebi que, além do programa de rádio, teria de promover eventos mensalmente. Naquela época, eu também apresentava um programa de TV voltado para o forró, mas eu também declamava alguns poemas. Então, passei a investir em meu nome, como apresentador, declamador e promovente.

Eu já havia escutado falar que algo parecido com o Clube do Repente já havia sido promovido em Pau dos Ferros-RN, mas durou apenas seis meses, pois os promoventes colocavam apenas a mesma dupla e isso desestimulou a participação do público. Então, defini que teria de ser uma dupla diferente todo mês, para que durasse, mas eu nunca imaginaria que fosse durar tanto!


Quais os principais desafios encontrados na promoção de eventos sistemáticos como este?

É preciso estar o tempo todo motivando o povo. Sócios saem, outros entram. Há alguns que estão desde o começo e formam uma base. O desafio de hoje é manter o número de sócios pagantes para garantir o cachê dos cantadores.

Com o formato híbrido, via YouTube, a gente tem de motivar os amigos que estão acompanhando on-line a colaborarem pagando também. Agora, temos de pagar uma equipe técnica, algo que não tínhamos até o ano passado. Então, a despesa aumentou, mas a arrecadação também aumentou. O desafio é se manter motivado, manter o gostar sempre aceso – e isso eu tenho mantido, de diversas formas, além de buscar que novos sócios apareçam.


Ao longo desses 15 anos, de que forma o Clube contribuiu para os artistas – novos e veteranos?

Eu acho que o Clube do Repente virou uma marca. No tempo da pandemia, durante dois meses conseguimos 60 apoios de R$ 300 – nós chamamos de ‘voucher repente’. A família do Clube do Repente deixou de ser só no espaço físico da cantoria, mas também grupo no WhatsApp. Alguns sócios moram fora de Campina Grande-PB.

Através da força do Clube do Repente, vieram o Fenoger (Festival de Repentistas da Nova Geração), o Femi (Festival Mulheres do Improviso), o Estado contra Estado. Também é um espaço para os cantadores aumentarem sua visibilidade e condições de convites e parcerias. Temos projetos bimestrais em outras cidades, com o Clube do Repente à frente.



Quais os projetos para o Clube? O que podemos esperar nos próximos 15 anos?

Vou tentar manter este projeto por muito tempo. Quem chega em 15, chega em25, quem sabe em 30 também. Continuar promovendo festivais como o Estado contra Estado, o Fenoger… produzir novas ideias, como a noite das canções, ou um circuito com a marca do Clube do Repente. E nunca tirei da cabeça o projeto de criar o programa Clube do Repente na TV. Espero que a gente consiga.

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