Pular para o conteúdo principal

E disse Deus: Haja Ano Novo!

Por Caio Fábio




E disse Deus: Apareçam corpos luminosos nos firmamento do céu da Terra, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles também para sinais e para estações, e para dias e anos; e sirvam de luminares no espaço do céu, para alumiar a Terra.

E assim foi.



Deus, pois, fez os dois grandes luminares avistados da Terra: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; fez também as estrelas que cintilam ao longe.



E Deus pôs o Sol no céu da Terra para aluminá-la, para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas.



E viu Deus que isso era bom.





________________________________________________________






Quando não estou em Brasília, moro em Copacabana. Daqui de casa, enquanto escrevo, isso ainda às seis da tarde, já ouço o estampido dos fogos, e o brado exultante que a eles se segue.



2004 vem aí!



É um novo ano, e a humanidade se alegra.



É bem verdade que a humanidade não tem do que se alegrar. Os prenúncios que o planeta nos dá são de que as dores de parto estão para começar.



A natureza nunca gemeu tanto!



Geme pela tortura lenta, sistemática, voluptuosa, tarada e cega que nós, os humanos, lhe impomos.

A Terra aceita eras glaciais, quedas de asteróides, dilúvios, terremotos, maremotos, vulcões, furacões, tufões e o que dela mesma vier.



Nada é trágico quando é uma ação da natureza, pois tais ações nunca são contra ela própria; ao contrário, são nela mesma e para ela mesma.



São apenas estações da própria natureza. Melhoram-na sempre.



O gemido de agora, todavia, não anuncia um parto natural, mas uma sangrenta e primitiva cesariana.

Tem que haver uma Intervenção de Fora da própria natureza para salvar a vida. Do contrário, os humanos acabarão com a Terra.



Sem essa Intervenção de Fora a parturiente Terra não teria espaço para deixar passar o monstro que se engendrou em seu ventre, e que parece desejar nascer para a morte e não para a vida: a humanidade caída!



Os céus terão que ser rasgados.



Estrepitoso estrondo terá que ser ouvido.



Então se verá o Filho do Homem, com poder e grande glória, vindo sobre as nuvens, com os anjos do Seu poder.



E todo olho verá!



Mas os estampidos de Copacabana não anunciam esse Dia. Anunciam o ano de 2012.

Fiquei pensando na contradição humana. Todo mundo com medo da morte e se reunindo para celebrar um ano a menos de existência na Terra.



Para quem não carrega no peito a esperança do Filho do Homem e de Sua volta, o bum, bum, bum dos fogos deveria ser um bum, bum, bum, de celebração da proximidade da morte, não da vida.



Mas não temos como não nos alegrar com o futuro. Fomos feitos para o Sempre. Antes da Queda as estações não anunciavam a nossa morte, mas a nossa vida.



Até que o fruto nos matou...



Entretanto, a ordem para que comemorássemos os tempos, não deixou de nos afligir com esperança.

Então, bum, bum, bum, mesmo que seja incoerentemente soltando fogos para a chegada do dia da morte.



Sei que parece uma fala antitética em relação à Data.



A questão é que aqueles que conhecem a Deus já passaram da morte para vida. Esse assunto já não existe mais, pois se vivemos, para o Senhor vivemos; e se morremos, para o Senhor morremos; quer, pois, vivamos ou morramos, nós somos do Senhor.



Estou mais velho na Terra e não estou mais próximo da morte. Que coisa!



Bum! Bum! Bum! estou a cada dia mais próximo do que já é, e em mim será, pois Nele eu já sou.



Feliz 2012!





Nele, em Quem somos,





Caio.



(Texto feito em 2003, adaptado para o tempo presente)



Fonte: Site do Caio Fábio

Postagens mais visitadas deste blog

A Vocação de São Mateus

  Dentre as obras de Caravaggio, ‘A Vocação de São Mateus’ é uma das que mais provocam debates e reflexões. A tela, com traços realistas, parece fazer saltar ao mundo real o que está expresso no versículo 09 do capítulo 09 do Evangelho de S. Mateus: “Passando por ali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria, e disse-lhe: ‘Siga-me’. Mateus levantou-se e o seguiu”. O domínio da luz, inerente à verve do pintor barroco, é evidente na obra. O contraste da luz que entra pela janela no ambiente escuro parece representar o contato do mundo espiritual com o terreno – este reproduzido no grupo de pessoas à mesa e aquele pela figura do Senhor Jesus Cristo ao lado de São Pedro. Os indivíduos sentados à mesa parecem ter idades e posições sociais distintas. O mais relevante deles é Mateus, trajado de forma elegante e com uma postura de proeminência. Sem dúvida, uma boa exibição do que seria a conduta dos cobradores de impostos do primeiro século. No texto neotestamen...

3 mulheres cordelistas que você precisa conhecer

  JOSILEIDE CANTALICE Josileide Cantalice nasceu em Bezerros-PE, em 1959. É casada, mãe de dois filhos e avó de cinco netos. Aposentada. Começou a escrever poemas em 2015, aos 56 anos de idade. Ainda criança apreciava a Literatura de Cordel, lendo folhetos para seus pais e vizinhos. Recentemente publicou o seu primeiro livro, intitulado 'Poesia e Fé'. Disse Rute a Noemi: Eu não vou te abandonar Aonde quer que tu fores  Eu irei te acompanhar  E onde quer que pousares Também eu irei pousar. EDIANA TORRES Ediana do Socorro Torres Fraga nasceu em 01.05.1977, na cidade de Bezerros-PE. É mulher negra, agricultora, artesã, cabeleireira, poetisa e declamadora. Em 2017, foi uma das vencedoras do Primeiro Recital Poético de Bezerros. É integrante da AMALB (Associação do Movimento Artístico e Literário de Bezerros). Ensinar nossas crianças  Com carinho e com respeito  Ainda é o melhor caminho  Para um futuro perfeito; É formando o cidadão  Que se faz uma nação...

Professor Reginaldo Melo

por Jénerson Alves Texto publicado na Coluna Dois Dedos de Prosa, do Jornal Extra de Pernambuco - ed. 625 Ao lado de outros poetas de Caruaru, entrei no apartamento onde o professor Reginaldo Melo está internado há três semanas, em um hospital particular. Ele nos recebeu com alegria, apesar da fragilidade física. Com a voz bem cansada, quase inaudível, um dos primeiros assuntos que ele pediu foi: “Ajudem-me a publicar o cordel sobre o Rio Ipojuca, que já está pronto, só falta ser levado à gráfica”. Coincidentemente, ele estava com uma camisa de um Encontro sobre a questão hídrica que participou em Goiás. Prof. Reginaldo (centro), ao lado de Espingarda do Cordel (e) e Jénerson Alves (d) Durante o encontro no quarto do hospital, ocorrido na última semana, quando Olegário Filho, Nelson Lima, Val Tabosa, Dorge Tabosa, Nerisvaldo Alves e eu o visitamos, comprometemo-nos em procurar os meios para imprimir o cordel sobre o Rio Ipojuca, sim. Além disso, vamos realizar – em n...