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Mostrando postagens de junho, 2022

Não sei para que vivo - por Jénerson Alves

  Sinto a morte bem perto de mim. Encarno o eu-lírico de Álvares de Azevedo ao afirmar: “Já da morte o palor me cobre o rosto”. Não sei explicar bem, mas parece-me que, ao lado da morte, está a vida. É como se diante da morte, eu terei de dar conta das razões pelas quais vivi – ou, pelo que tentei viver. Se é que vivi… Em meus ouvidos, ecoam vozes de uma assustadora cantiga medieval: “ Dime, pecador si en gracia no estás Cuando Dios te llama a su tribunal Tu seno de culpas allí se verá Y aun las más ocultas, patentes serán” Sim. O que estava oculto se torna manifesto, mas, o que há de manifestar-se? Serei eu um Judas, que trocou Jesus Cristo por dinheiro? Teria eu a coragem (ou covardia) de trair o Cordeiro com um beijo? Serei eu um Dimas? Talvez minha vida seja um emaranhado de fugas e roubos… Mas, quem sabe cravado na cruz dos meus pecados possa, com o coração contrito e liberto, balbuciar: “ Jesum Domine memento mei cum veneris in regnum tuum”. De