Eu sei que é clichê comparar o ano que se inicia com uma
página em branco. Mas, e daí? A vida é cheia de clichês, mesmo. O bom de um ano
que nasce é porque renasce a sensação de que tudo se renova. Afinal, é o início
um ciclo. É momento para avaliar não somente o ano que passou, mas também a
forma como a vida vem sendo conduzida. É a oportunidade de reprogramar sonhos
antigos, de reacender esperanças.
Mas não apenas isso. Também é momento de deixar para trás
aquilo que já não faz mais sentido. É momento de deixar de lutar com uma
finalidade inócua. É o instante em que pode-se decidir se, realmente, vale a
pena sofrer tanto. É a hora de adotar novas posturas com relação à vida.
É momento de guardar o coração, de não deixá-lo nas mãos de
pessoas que não irão valorizá-lo. Além disso, é importante fazer uma faxina
nele, e tirar de dentro aquilo que não nos faz crescer. Mais do que encarar o
devir como uma página em branco, deve-se rasgar aquelas que registram histórias
que não precisam ser lembradas.
É necessário aprender a esquecer. Sim, esquecer. Esquecer daquilo
que nos fez mal, daquilo que nos colocou sob uma circunstância negativa. É necessário
olvidar do que deu errado, do que foi errado. Os momentos de crise, de choro,
de lágrimas, de lutas inglórias, devem ser deletados do disco rígido do
coração. Se essas coisas permanecerem, o coração ficará pesado, o espírito
ficará sem condições de prosseguir.
Não é necessário estar todo instante olhando pelo
retrovisor. O importante é pôr as mãos na direção e olhar em frente. Afinal, há
buracos na estrada, além de curvas perigosas, automóveis na contramão e
pedestres que passam na frente do veículo. É hora de olhar em frente. Fixar os
olhos no que está por vir. Não nos esqueçamos: a vida é repleta de surpresas (e
por isso é tão deliciosa).
Contudo, se há um conselho que devemos seguir enquanto
trilhamos nessa estrada sinuosa que chamamos de existência, acredito que seja
Filipenses 2:5: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo”. Ora,
ter o mesmo sentimento é estar na mesma vibração, é conhecer a fundo o coração
dEle. É relacionar-se com Ele de tal forma que o coração do Mestre e o do servo
ficam em consonância um com o outro. É conectar-se com a Essência Superior. E,
dessa forma, aprender a enxergar o próximo como irmão.
A melhor maneira de desenvolver o mesmo sentimento que há em
Cristo é ler os Evangelhos. Acho necessário fixarmos o propósito de ler o Novo
Testamento, de refletirmos nas Escrituras, de pautarmos nosso cotidiano de
acordo com os princípios estabelecidos nas Sagradas Letras. Aí, tenho certeza,
uma bela história será escrita nessa página em branco.
Jénerson Alves, 01º/01/2012