segunda-feira, 25 de março de 2013

Meu D-us frustrado


Admito que eu bem que queria ouvir um ‘não’. Pronto. Ponto. Mas, nem isso. Pior do que um ‘não’, é a indiferença. O ‘não’ é o retrato de um amor negado. É ela proferir que sente repulsa pelo que há de mais nobre no meu coração. A indiferença, porém, é o total desprezo pelo meu afeto. Quão dolorido é saber que ela sabe que isso dói tanto dentro de mim que extravasa pelos meus olhos, mas ela não liga. Isso me frustra. Sinto-me um nada (que é menos do que ‘ninguém’).
Ah! Ela me mata, lentamente, quando não dá qualquer valoração ao meu sentimento, ao meu espírito que tenta entrar em consonância com o dela. Minhas mensagens são deletadas do seu celular, antes mesmo de serem lidas. Meu número na agenda dela serve como um sinal de que não é para atender. Como é triste querer abraçá-la, mas isso não é possível. A explicação é simples, resume-se a três palavras: ela não quer.  Bem que eu gostaria de entender o(s) motivo(s) de ela não (me) querer, mas acho que essa parte é incompreensível... Talvez, para ela, eu não seja um ser (um ‘quem’); talvez eu seja apenas um troço (um ‘o quê). Acho que é isso. Sou um mero objeto sem valia que, apesar de fazer parte da vida dela, não faz falta alguma.
Aí me lembro de uma passagem bíblica na qual Jesus aparenta estar – assim como eu – também um tanto frustrado. O trecho está registrado no Evangelho de São Mateus, capítulo 23, versículo 37: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedreja os mensageiros que D-us lhe manda! Quantas vezes eu quis abraçar todo o seu povo, assim como a galinha ajunta seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram!” (NTLH).
E, enquanto meus olhos percorrem essa parte das Sagradas Letras, meu sentimento de frustração por não ser alvo do amor daquela senhorita diminui. Mas passo a sentir outro tipo de frustração. É quando eu percebo que muitas vezes sou ‘Jerusalém’. Apesar de não assassinar, fisicamente, algum profeta, pergunto-me quantas vezes não deixei de ouvir a voz do Alto por não dar atenção às prédicas – dos cultos ou das praças. Mesmo sem nunca ter pegado uma pedra para lançá-la contra algum ministro do Evangelho, muitas vezes o meu próprio coração está tão petrificado, que a Luz e a Semente do Alto não conseguem entrar. E, quantas vezes, eu rejeitei o abraço dEle, por não parar entrelaçar-me com Ele. Ninguém dá abraço correndo. É preciso parar para abraçar. Como Ele pode me abraçar, se estou correndo tanto, de um lado para outro?
Envergonho-me por causa disso. Não quero entristecer o coração de Alguém que me ama tanto assim. Até porque creio que D-us é ‘quem’; Ele não é ‘o quê’. Ele não é uma mera energia que vaga, sem consciência de si, pelo universo. Jesus é D-us Filho, e Ele veio ao mundo mostrar como é o D-us Pai. Ele é espírito, mas é provido de sentimentos, de vontades, de plano, de ideias... E é Amor, completamente Amor, exclusivamente Amor...
Quero fazer da minha vida uma oração, findar essa dupla frustração – a minha e a dEle. Quero amá-Lo, mais e mais, relacionar-me mais com Ele. Entrelaçar-me com Ele. E, fazendo isso, tenho certeza de que a vida será melhor, meus sentimentos ficarão mais brandos, os meus dias serão mais doces. E a senhorita? Ah, já não importa mais tanto assim...

domingo, 24 de março de 2013

Microconto despretensioso


Tímido, e com a autoestima baixa, ele nunca entendeu as cantadas dela. Afinal, ela é tão bela, o que aqueles olhos da cor de ébano poderiam ver em um rapaz como ele? Portanto, decidiu que iria tão somente admirá-la. E, por ter se aplicado tanto a esse propósito, demorou a perceber que a amava. Só veio a dar-se conta disso muito tarde, quando ela assumiu relacionamento com outro moço, o qual talvez não compreendesse a real magnitude que ela possui. Teimosa, ela não cogitava mais dar outra chance a ele. O outro moço já havia conseguido espaço no coração dela. Casaram-se. Mesmo assim, de vez em quando ela se perguntava como seria se tivesse optado pelo rapaz tímido que sempre pensava nela, ao invés do moço forte que estava ao seu lado. Às vezes, ela chega a pensar que a vida seria mais bela, mais poética, mais doce. E ele, que optou pela solidão a ter de viver com alguém a não ser ela, preferiu mergulhar no mundo dos sonhos, por saber que ela estaria lá, sorrindo, para ele...

terça-feira, 5 de março de 2013

Entrevista - José Ricardo do Nascimento

Formado em Teologia com Especialização em Missões, o missionário José Ricardo do Nascimento Santos – que também é pedagogo e técnico em Enfermagem – há seis anos trabalha no Senegal. Atualmente, ele desenvolve atividades em uma igreja em Dakar, capital daquele país, promovendo atendimentos na área de saúde, além de integrar o Projeto Moisés, voltado para profissionalização dos novos crentes daquele lugar, e atuar no Programa de Educação Pré-Escolar (PEPE), com 58 crianças, bem como com uma classe para surdos.
José Ricardo

No último fim de semana, ele esteve em Caruaru, participando do Conexão Missionária, evento promovido para despertar o sentimento por missões nos cristãos evangélicos, que aconteceu durante todo o sábado 2, na Primeira Igreja Batista de Caruaru.

Eis a entrevista:

Você é bem jovem – tem 35 anos –, tendo se convertido aos 19 anos e tornado-se missionário em 2005. De que forma aconteceu a certeza da vocação ministerial?

Foi através de oração, pois Deus sempre incomodava no coração. As campanhas missionárias, bem como as promoções e divulgações sobre o tema, com testemunhos de missionários, também foram importantes. Um dos grandes desafios que Deus colocou no meu coração foi trabalhar com o povo fulane, que é um povo missionário do islã, no oeste da África. Quando eu tive contato com esse povo, tive a convicção de que eu precisaria trabalhar com eles. Foi a partir do conhecimento das necessidades no campo missionário que me impulsionaram para a missão.

E como foi a questão do choque cultural, quando você deixou o Brasil para fazer o trabalho na África?

O choque cultural é inevitável. Por mais bem preparado que o missionário esteja, ele é um processo natural. Portanto, é necessário ter as ferramentas corretas para superá-lo. Uma das dificuldades que eu tive primeiro foi a língua, por causa das diversas línguas faladas nesses países do oeste da África, além do conceito de higiene, de limpeza, que era diferente para mim. No começo, foi muito difícil para mim, mas, graças a Deus, eu consegui superar essa parte do choque cultural, com o apoio dos colegas e procurando entender a mentalidade do povo.

Em algum momento, você não sentiu que seria um pouco de empáfia mostrar os valores evangélicos em um local onde a cultura muçulmana já está tão enraizada?

Não. O sistema religioso islâmico é muito fechado e ele não te permite, em um primeiro momento, chegar com a mentalidade de ir e ensinar. Primeiro, é necessário criar relacionamentos com o apoio. É inimaginável chegar num país islâmico e querer começar a ensinar o povo. Se alguém for com essa mentalidade, as portas, automaticamente, serão fechadas.

Qual a experiência mais marcante em seu ministério?

Uma experiência muito marcante para mim foi quando eu trabalhei em uma aldeia no sul do Senegal. Eu trabalhei como enfermeiro nessa aldeia. Uma das grandes dificuldades é que não havia nenhuma cobertura médica naquela localidade. Sempre que as pessoas necessitavam, iam no chefe religioso, que também era um feiticeiro. Meu desafio era apresentar a parte legal da enfermagem e eles serem bem-sucedidos. Uma das orações que eu fiz a Deus no primeiro mês que eu cheguei foi que nenhuma criança fosse a óbito durante o período em que eu estivesse trabalhando na aldeia. E, graças a Deus, essa foi uma oração particular, mas mesmo após eu deixar de atuar naquela aldeia, ao voltar para lá, em uma visita, o chefe salientou, em uma visita, agradecendo a Deus porque no meu período nenhuma criança tenha ido a óbito. Esse foi um momento de muita alegria para mim, pois o pedido que eu fiz em particular a Deus tocou o coração daquela comunidade também.

Como tem sido o crescimento missionário no Senegal?

Olha, os projetos sociais têm sido muito bem aceitos pelo fato da necessidade do povo, seja na área médica, educacional, ou profissionalização. Isso é bem aceito. O Evangelho, contudo, é um processo mais lento, pois é através do relacionamento, da confiança, da credibilidade que o missionário adquire com a comunidade, desenvolvendo atividades que mostrem Jesus a eles.

Outra coisa é que quando nós desenvolvemos atividades missionárias, não estamos visando somente ao espírito da pessoa, para que ela venha a se converter. Nosso olhar é integral, que ela esteja bem socialmente, fisicamente, e também espiritualmente. A missão deve ser integral. Não é uma troca, é uma forma de fazer o bem.

Missionários brasileiros estão presos há três meses no Senegal

O pastor presbiteriano José Dilson, e a missionária da Missão Servos Zeneide Moreira estão detidos desde o dia 6 de novembro de 2012 no Senegal. Eles trabalham com o Projeto Obadias, que acolhe e cuida de crianças em situação de risco, mas foram acusados de alojá-las sem permissão dos pais ou da justiça. Dilson informou que o processo de pedido de legalização do projeto já foi iniciado há algum tempo, mas as explicações não foram suficientes.
Segundo o executivo da APMT (Agência Presbiteriana de Missões Transculturais), Marcos Agripino, “o processo contra os missionários está correndo dentro das ‘normalidades da lei’ senegalesa. Não existe, até o momento, nenhuma acusação formal por parte do Ministério Público do país. O que há é apenas uma denúncia”. Em visita recente ao projeto Obadias, José Dilson, Zeneide e os missionários Gerson e Marília Troquez acompanharam o juiz e sua equipe até o Projeto Obadias. Cada criança foi ouvida individualmente pelos oficiais da justiça, que também avaliaram as instalações. Segundo Gerson, “os oficiais da justiça ficaram bem impressionados com a estrutura do Projeto, mas questionaram a orientação religiosa que as crianças recebem”.
A expectativa era que a justiça do Senegal concedesse a liberdade provisória aos missionários na última segunda-feira, dia 11, mas isso não ocorreu. “Aguardamos que isto aconteça nos próximos dias. O pai do menino que fez a denúncia será ouvido na próxima sexta-feira, dia 15”, informou Gerson. Segundo a lei do Senegal, a resolução do processo pode demorar até seis meses.
A APMT informou ainda que já acionou o Itamaraty quanto à situação dos missionários e solicitou providências à Embaixada Brasileira no Senegal, ao Ministério das Relações Exteriores, à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal.

Cristo “algemado”

Em carta enviada ao Brasil, no dia 6 de fevereiro, o pastor José Dilson demostrava confiança em Deus e certeza de que a privação da liberdade era parte da sua missão. “Por 31 anos tenho compartilhado as boas novas, não só no Brasil, mas há 22 anos aqui na África. Agora este juiz me deu um novo público. Fui preso com pessoas às quais jamais teria acesso. Nunca teria sido possível compartilhar com elas em outra situação. E, com certeza, eu jamais estaria aqui por minha livre e espontânea vontade. Oremos para que a Palavra pregada encontre guarida nestes corações sedentos — que nenhum ‘pássaro’, ‘espinho’ ou ‘pedra’ atrapalhem o crescimento dessas sementes. O nosso consolo é que temos um Cristo ‘algemado’ conosco”, disse ele. Dilson está junto com 43 outros presos na mesma cela.
Zeneide também tem demostrado convicções do trabalho que Deus está fazendo por meio dela. “Quando cheguei aqui os dias pareciam não ter fim, as noites eram ainda piores. Dormir por três horas em uma noite só me foi possível a partir do segundo mês. Agora os dias parecem pequenos. Tenho que me organizar para saber dividir a minha atenção. É uma palavra de encorajamento aqui, uma oração ali, uma aula de francês. Mesmo com as minhas limitações tenho arrancado sorrisos das mulheres ao fazê-las expressar frases na língua oficial do seu país. Ver a alegria de poder reconhecer uma palavra, alguém que antes não conhecia uma letra, é algo realmente incrível, indescritível. Olhar outras receberem um dinheiro, fruto do seu trabalho com artesanatos dentro da prisão... Ah! queridos parceiros, isto não tem preço”. Ela divide sua cela com mais 33 mulheres.


Fonte: Ultimato

Vou levar Lady Gaga para ouvir um baião de viola nordestina - Jénerson Alves

Mote e glosas: Jénerson Alves   Foto: Wikipedia Lady Gaga, cantora americana, É famosa demais no mundo inteiro, Fez um show lá no Rio de J...