“Eu sou um saco”. Fui definido dessa forma durante essa semana. Concordo. Sou um receptáculo retangular, padronizado, cheio de um monte de coisas – mas aberto para se tirar umas coisas e pôr outras. Porém, reconheço que me apego a detalhes, observo exageradamente, atenho-me a pormenores quase imperceptíveis e preocupo-me com assuntos irrelevantes.
O silêncio é meu companheiro inseparável. Os sentimentos que há no coração não conseguem ser convertidos em palavras orais. Isso confunde os outros. Ou ofende... Não sei... Meu ‘modus vivendi’ tem uma aparência de ensimesmado que encobre o altruísmo que reveste o meu espírito. Não consigo expressar para os outros o que penso, o que sinto e muito menos o que sou.
Quando o silêncio é quebrado, percebe-se que sou chato. Inicio todas as conversas com seriedade e não consigo encontrar uma dose salutar de humor. Quando tento ser engraçado, não consigo sê-lo. Pelo contrário, nos momentos em que busco ser mais circunspecto é que me torno hilário. Sou um bobo da corte às avessas.
Sinto-me um enigma de difícil compreensão. Misturo liberalismo e fundamentalismo, fé e heresia, riso e pranto, prisão e liberdade, paz e guerra, alegria e tristeza. Mas a intensidade em que essas misturas acontecem é inconstante. Amorfa. Meus olhos não revelam o que há na alma. Sou incompreendido. Nem eu me compreendo...
Não consigo alegrar os outros. Não sei dançar. Certamente, jamais aprenderei. Falta-me coordenação motora para isso. Também não sei cantar. Reconheço minhas limitações, até quando acompanho os três acordes que constituem o baião do improviso na viola. Portanto, sei que meus versos improvisados servem muito mais para amenizar minhas dores do que para alegrar a vida da plateia. Quanto a isso, sou egoísta – apesar de o meu desejo mais profundo estar relacionado com os outros.
Sou desastrado. Não consigo andar em lugar nenhum sem esbarrar em alguma coisa, sem pisar no pé de alguém. Não consigo ‘bulir’ em qualquer equipamento sem que corra o risco de quebrá-lo. Isso também vale com as relações. Quando encontro um coração que se abre para mim, esbarro na minha timidez. Piso nos sentimentos alheios com as minhas interrogações e quase sempre quebro as relações com a minha ausência. Afasto quem quero perto de mim.
Tenho uma visão limitada do amor. Digo como o apóstolo São Paulo: “Vejo-o em parte”. Emociono-me com o exemplo do Deus que se esvazia para se relacionar com o ser humano. Entretanto, permaneço cheio de dúvidas e traumas, portanto sinto dificuldades em me relacionar com alguém. Mesmo assim, creio que um dia “vê-lo-ei face a face”...
Contudo, por hora, não consigo encontrar um equilíbrio. A plangência desse texto é uma prova disso. Pareço um alienado que nada sabe, nada diz e nada sente. Porém, acredito que tenho luzes. As sombras não predominam no meu ser. Meu silêncio é bom para quem quer ser ouvido. Quando ouço alguém, busco, verdadeiramente, colocar-me no lugar da outra pessoa. E, quando as palavras que querem me dizer são entrecortadas por lágrimas, meus olhos também se comunicam com o pranto das outras pessoas. Choro pela dor alheia como se ela fosse minha.
Não consigo alegrar os outros no meio da festa. Mas posso confortar quem estiver abatido. E, apesar da minha dificuldade em me expressar, posso entregar fragmentos dos sentimentos da minha alma. Às vezes, tais sentimentos são de tamanha magnitude que os farelos são suficientes.
Minha ausência afasta. No entanto, garanto que deixo marcas em quem aproveitar minha presença. E procuro deixar as melhores marcas possíveis. Procuro o que há de melhor dentro de mim mesmo para dar aos outros. Sou pobre, preto, protestante... e prolixo. Mas, pode-se acrescentar um outro P a esse quarteto: puro. Meus atos são feitos sob a égide da sinceridade.
Sou um saco, sim. É necessário me ‘carregar nas costas’ por um certo tempo. Porém, dentro de mim há defeitos e virtudes. Luzes e sombras. Lixos e luxos. E, apesar dos meus problemas, só quero ajudar...
O silêncio é meu companheiro inseparável. Os sentimentos que há no coração não conseguem ser convertidos em palavras orais. Isso confunde os outros. Ou ofende... Não sei... Meu ‘modus vivendi’ tem uma aparência de ensimesmado que encobre o altruísmo que reveste o meu espírito. Não consigo expressar para os outros o que penso, o que sinto e muito menos o que sou.
Quando o silêncio é quebrado, percebe-se que sou chato. Inicio todas as conversas com seriedade e não consigo encontrar uma dose salutar de humor. Quando tento ser engraçado, não consigo sê-lo. Pelo contrário, nos momentos em que busco ser mais circunspecto é que me torno hilário. Sou um bobo da corte às avessas.
Sinto-me um enigma de difícil compreensão. Misturo liberalismo e fundamentalismo, fé e heresia, riso e pranto, prisão e liberdade, paz e guerra, alegria e tristeza. Mas a intensidade em que essas misturas acontecem é inconstante. Amorfa. Meus olhos não revelam o que há na alma. Sou incompreendido. Nem eu me compreendo...
Não consigo alegrar os outros. Não sei dançar. Certamente, jamais aprenderei. Falta-me coordenação motora para isso. Também não sei cantar. Reconheço minhas limitações, até quando acompanho os três acordes que constituem o baião do improviso na viola. Portanto, sei que meus versos improvisados servem muito mais para amenizar minhas dores do que para alegrar a vida da plateia. Quanto a isso, sou egoísta – apesar de o meu desejo mais profundo estar relacionado com os outros.
Sou desastrado. Não consigo andar em lugar nenhum sem esbarrar em alguma coisa, sem pisar no pé de alguém. Não consigo ‘bulir’ em qualquer equipamento sem que corra o risco de quebrá-lo. Isso também vale com as relações. Quando encontro um coração que se abre para mim, esbarro na minha timidez. Piso nos sentimentos alheios com as minhas interrogações e quase sempre quebro as relações com a minha ausência. Afasto quem quero perto de mim.
Tenho uma visão limitada do amor. Digo como o apóstolo São Paulo: “Vejo-o em parte”. Emociono-me com o exemplo do Deus que se esvazia para se relacionar com o ser humano. Entretanto, permaneço cheio de dúvidas e traumas, portanto sinto dificuldades em me relacionar com alguém. Mesmo assim, creio que um dia “vê-lo-ei face a face”...
Contudo, por hora, não consigo encontrar um equilíbrio. A plangência desse texto é uma prova disso. Pareço um alienado que nada sabe, nada diz e nada sente. Porém, acredito que tenho luzes. As sombras não predominam no meu ser. Meu silêncio é bom para quem quer ser ouvido. Quando ouço alguém, busco, verdadeiramente, colocar-me no lugar da outra pessoa. E, quando as palavras que querem me dizer são entrecortadas por lágrimas, meus olhos também se comunicam com o pranto das outras pessoas. Choro pela dor alheia como se ela fosse minha.
Não consigo alegrar os outros no meio da festa. Mas posso confortar quem estiver abatido. E, apesar da minha dificuldade em me expressar, posso entregar fragmentos dos sentimentos da minha alma. Às vezes, tais sentimentos são de tamanha magnitude que os farelos são suficientes.
Minha ausência afasta. No entanto, garanto que deixo marcas em quem aproveitar minha presença. E procuro deixar as melhores marcas possíveis. Procuro o que há de melhor dentro de mim mesmo para dar aos outros. Sou pobre, preto, protestante... e prolixo. Mas, pode-se acrescentar um outro P a esse quarteto: puro. Meus atos são feitos sob a égide da sinceridade.
Sou um saco, sim. É necessário me ‘carregar nas costas’ por um certo tempo. Porém, dentro de mim há defeitos e virtudes. Luzes e sombras. Lixos e luxos. E, apesar dos meus problemas, só quero ajudar...