sábado, 21 de maio de 2022

“ O caruaruense não tem subterfúgios ou enrolação”, diz poeta Carlos Paiva

 



Um recifense apaixonado por Caruaru. O escritor Carlos Paiva lançou o livro "O Rio A Cidade O Tempo O Mundo" na semana de aniversário da Princesinha do Agreste. Ele falou conosco sobre os objetivos da obra e o seu sentimento pela cidade que abraçou para viver.

Qual o ‘encantamento’ que o fez e faz escrever sobre Caruaru?

O que me impressiona nos caruaruenses são três pontos. O primeiro é o empreendedorismo. São pessoas empreendedoras, que querem vencer na vida. O segundo é a objetividade, o aspecto de ‘dizer na cara’ o que sente; isso é muito interessante. O caruaruense não tem subterfúgios ou enrolação; ele diz. O terceiro ponto é a capacidade de abraçar as pessoas que o caruaruense tem. Eu me senti abraçado pelas pessoas, pela cidade. Fui me encantando diuturnamente e estou aqui há 33 anos. Cheguei aqui em agosto de 1988, lembro-me bem. Aposentei-me e decidi continuar aqui.



O Rio Ipojuca ganha atenção especial no seu livro. O que o motivou a escrever sobre o tema?

Acho que os rios brasileiros não são muito bem tratados. Se você observar: no Brasil e no mundo, toda e qualquer cidade nasce às margens de um rio. É dele que tiramos a vida, por isso não podemos jogar sujeira nele. Ele nos alimenta, alimenta a cidade. Meus poemas não deixam de ser uma denúncia: o que temos feito com o rio?

Na última segunda-feira, quando passava perto do Rio Ipojuca, era possível sentir um mau cheiro terrível. O Ipojuca é um rio fino e comprido, mas está ficando mais fino ainda. As matas ciliares estão sendo desgastadas. Em um poema, parodiando o Hino Nacional – que fala sobre as “margens plácidas” –, eu cito as “margens plásticas” do Ipojuca, e trago a metáfora de uma borboleta amarela pousando sobre uma embalagem de margarina. É isso o que se faz com o Rio Ipojuca.

Claro que isso não é só em Caruaru. O Ipojuca corta 25 cidades. Esse é um alerta. Eu espero que esta parte do livro não seja apenas mais palavras, porém traga atitudes. Discurso não resolve muita coisa, mas a atitude de fazer.



A poesia tem, diferentemente da prosa, o aspecto de tocar na alma, no sentimento. O senhor acha que a poesia pode ser um elemento de transformação?

Pode ser, agora depende do modo como as pessoas estão lendo a poesia. Acho que o brasileiro não está acostumado a ler poesia. Ele lê prosa. A poesia precisa ser lida com muita calma. Palavra por palavra. Interpretação por interpretação. Na poesia, há muita coisa dentro, que precisa ser ‘pescada’. A poesia não é tão escancarada. O leitor precisa saber ler, interpretar, definir o que está lendo e jogar para sua vida. É isso o que toca na alma, que é muito mais etérea, holística. Será que nós vamos entender isso? O problema está aí.

Eu espero que este livro de poesias tenha, realmente, o poder de tocar na alma das pessoas. E as pessoas busquem dentro de si as atitudes necessárias. Muito se fala sobre o papel do poder público, mas isso é só uma parte. É preciso que surjam lideranças que se unam e trabalhem em prol da educação dos cidadãos.



Com relação ao livro. O lançamento ocorreu nesta semana na Asces-Unita, mas há um projeto de expandir e levá-lo, por exemplo, às escolas?

O primeiro passo foi o lançamento do livro. Tenho muita gratidão, pois ele foi muito bem divulgado. O segundo passo deverá ser feito em junho. Queremos visitar todas as bibliotecas de Caruaru e disponibilizar o livro. Neste contexto, se eu for convidado para ministrar alguma palestra nas escolas, junto ao consultor cultural Walmiré Dimeron, nós iremos. Nisso, a gente pensa também sobre o papel do professor. O terceiro passo é realizar encontros literários periodicamente para discutir assuntos relacionados ao livro. Acho que é um projeto enxuto, bem delineado, e espero que a sociedade abrace essa ideia.

Creio que não vou parar por aqui. Meu intuito é escrever uma trilogia, lançando cada volume a cada dois anos. Depois, eu posso parar. Ou continuar.


domingo, 15 de maio de 2022

Semana Nacional dos Museus começa nesta segunda

 O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) disponibilizou a programação da 20ª Semana Nacional dos Museus. O evento ocorre entre os dias 16 e 22 de maio de 2022. Entre as atividades previstas estão shows, teatro, seminários, cinema, visitas mediadas, lançamentos de livro, workshops, entre outras.

O tema desde ano é O Poder dos Museus. “O Poder dos Museus está presente em suas ações de pesquisa, preservação, conservação, educação, comunicação, ação cultural, gestão, inovação tecnológica, cumprimento de suas funções sociais e criação de repertórios para o futuro. Os museus são construtores de futuro e por isso são poderosos”, informou, em nota, o Ibram.

Para a programação deste ano, há 877 museus participantes e 2.587 eventos cadastrados. Ao todo, estão inscritas 379 cidades de 26 estados. O guia de programação, separado por município, pode ser acessado aqui.


Foto: Fernando Frazão/ABr



Semana Nacional de Museus

A Semana Nacional de Museus é uma das ações da Política Nacional de Museus do Ibram, construída e proposta de forma articulada com o setor de museus brasileiro e que tem como propósito mobilizar os museus de todo o país a partir de um esforço de convergência de suas programações em torno de um mesmo tema.

Há 45 anos, a escolha do tema é proposta anualmente pelo Conselho Internacional de Museus (Icom), para o Dia Internacional dos Museus, celebrado no dia 18 de maio. Nesta data, convidam os museus, profissionais e comunidades museais a criar, imaginar e compartilhar ações voltadas para o diálogo com os seus públicos e territórios, fortalecendo o reconhecimento e a visibilidade dos museus.


sábado, 14 de maio de 2022

Liz Valente: "A arte naturalmente cria pontes entre as pessoas"

  

Cantora, compositora, desenhista, arquiteta. Liz Valente possui múltiplas faces artísticas, que apontam para a condição humana e a eternidade. Nesta entrevista, ela conta um pouco da sua trajetória e dos seus sonhos. Confira:






Você é uma multiartista, que compõe, canta, desenha e tem vários outros talentos. De onde vem essa pluralidade de performances?

Cada pessoa é sua própria pluralidade, acontece que eu achei vários escapes no campo artístico. Demorei para entender que sou uma artista generalista, por muitos anos vivi uma certa ansiedade por escolher um meio apenas música ou desenho ou teatro ou escrita..etc. mas estou em paz com o fato que há espaço no mundo também para os generalistas. 


Minha trajetória artística começou na faculdade quando escrevi e atuei em uma peça de teatro chamada "Eu em quatro pessoas"; tomei gosto e acabei escrevendo e atuando em outras três peças. O teatro é legal porque ele une todas as linguagens. Desde o cenário, as roupas e maquiagens, até o texto, a declamação, a música, tudo. Algumas músicas do álbum Pipa Amarela foram escritas originalmente para o enredo das peças como o caso de 'Duas Pernas' e 'Último Abraço'.





Um trabalho recente de sua lavra é o Calendário Litúrgico Cristão Ilustrado. Como surgiu a ideia e qual a importância de manter em mente os eventos cristãos anuais?

A ideia surgiu a pedido de uma amiga, ela queria um Calendário Litúrgico ilustrado e na internet não estava encontrando. Tenho aprendido muito com essa contagem do tempo. Na minha infância eu morei um tempo no Canadá onde as estações climáticas são muito delimitadas, pensar em estações é algo que o Senhor embutiu na natureza, o calendário Litúrgico cristão é uma ferramenta poderosa para nos auxiliar a percorrer a história da redenção anualmente com alegria e ritmo.



Em 2015, algumas músicas suas fizeram parte do espetáculo ‘Abraço: nunca estaremos sós’, da Dispersos Companhia de Teatro, de Recife. Qual o sentimento de ver seu trabalho inspirando outras artes?

Eu fiquei muito feliz na época e fico muito feliz sempre que revisito os vídeos do espetáculo. Esses desdobramentos são uma alegria enorme!



Na sua visão, como a arte pode influenciar positivamente para a expansão do Reino de Deus?

A arte naturalmente cria pontes entre as pessoas, ela oferece uma forma de comunicação de ideias que se vale das emoções e da linguagem poética. Não é atoa que o maior livro da Bíblia seja um livro de poemas. Precisamos disso. 



Você lançou o álbum ‘Pipa Amarela’ em 2013, que foi alvo de muitos elogios. Quais os seus próximos projetos artísticos?

Depois da maternidade, os meus ritmos de produção diminuíram. Eu continuo compondo muito, e tenho várias músicas guardadas. Aos poucos tenho lançado singles, lancei Simplicidade (2021), Meu lugar no mundo (2022), e pretendo continuar produzindo minhas músicas em um compasso possível. Há poucos anos comecei um Instagram onde posto orações ilustradas, foi o meio que encontrei de continuar lançando criações artísticas no meio da minha vida comum. Eu ainda quero fazer mais uma peça de teatro, talvez mais pra frente, mas no momento o plano são as orações e as músicas a conta gotas. 


sexta-feira, 6 de maio de 2022

Raianne Santos retrata as dores e delícias de ser mãe

 

Escritora e policial, Raianne Santos descreve os desafios atuais de ser mãe. Nesta entrevista, ela conta um pouco de sua história e projetos editoriais. Confira:



Você é autora do livro ‘Mãe Moderna’ (Literando Editora). De que trata a obra?
Sou autora dos livros "Mãe moderna e filha". No livro, falo sobre a maternidade, a luta, a superação. Além da loucura e correria geradas pela aventura da criação dos filhos, as mães reais precisam lidar também com julgamento, comparação e muita ansiedade, além da alegria, a dor e os infortúnios de suas próprias histórias.
Através da leitura de "mãe moderna", você percorrerá o caminho dos principais dilemas maternos. As delícias e as dores de ser mãe, são retratados em histórias inspiradoras na visão de uma mãe que as exprime de forma envolvente.


Em sua escrita, há muito do ‘ser mãe’. Como a maternidade mudou sua vida?
A maternidade foi um divisor de águas, foi uma descoberta do amor mais verdadeiro, também a percepção de uma força incrível em prol de um ser que depende totalmente de você, minhas filhas são um pedacinho do céu. O maternar é aprender diariamente e dedicação e amor.


Além de escritora, você é policial. Como é o desafio de vivenciar uma profissão tão dura e conduzir o lar com leveza?
Esse é um grande desafio de não trazer o trabalho para casa. São dois mundos distintos; meu lar, no qual tem muito amor; o outro, um mundo de muita maldade, violência, conviver com a pior parte do ser humano.

Quais seus projetos literários para 2022?
Estou com um projeto editorial em andamento e pretendo fazer dois lançamentos esse ano .

Adélia é fogo! - por Jénerson Alves

 

Divulgação/Record

Talvez por causa do frio, hoje me deu vontade de ler Adélia Prado. A mineira de versos encantadores tem o poder de apresentar um certo ‘deslumbramento original’ no cotidiano. Ao descrever cenas do interior de Minas Gerais, ela mais parece descrever as cenas do interior do meu coração.


Aliás, não somente do meu. Do nosso. Da humanidade. Acho que foi tomado por esse sentimento que Drummond registrou sua célebre afirmativa: “Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo: esta é a lei, não dos homens, mas de Deus. Adélia é fogo, fogo de Deus em Divinópolis”.


Ela mescla prosaísmo e cristianismo. O banal e o espiritual. A vida comum se torna extraordinária em cada verso. Sua fé traz os pés no chão e o coração no céu…


Só sei que me deu vontade de ler Adélia Prado! Talvez por causa do frio, talvez por causa do mês… estamos em maio. Mês das mães, das flores, da família… Assim como Adélia, não tenho vocativos para chamá-lo.


Só sei que Adélia fala de maio. Fala de mãe. Fala de Deus. Fala de Deus. E que me deu vontade de lê-la. Então, lerei em voz alta:


“JUSTIÇA


Nos tinha à roda
ao peito
aos cachorros
diferente da moradora de posses
que ia à missa de carro
e a quem os meninos
não puxavam a saia.
Mas muito mais bonita
era nossa mãe.”



Jénerson Alves


Vou levar Lady Gaga para ouvir um baião de viola nordestina - Jénerson Alves

Mote e glosas: Jénerson Alves   Foto: Wikipedia Lady Gaga, cantora americana, É famosa demais no mundo inteiro, Fez um show lá no Rio de J...