Meu amor, perdoe-me nesta data Se o presente que tenho pra lhe dar Não é feito de ouro, nem de prata, Não é brinco, pulseira nem colar, É o meu coração, feito de carne Mas você, precisando, pode usar. Com você eu queria viajar Pr’ uma ilha pacífica do Atlântico, Onde à noite a sereia bem distante Pra nós dois entoasse um belo cântico, Mas só posso lhe dar esse poema, Que não é nem bonito nem romântico. Num cenário de luz, amor e cântico, Eu queria lhe dar hoje uma mina, De ouro, prata, topázio, diamante, Esmeralda, rubi ou turmalina, Mas a mina que tenho só possui Os acordes da lira nordestina. Quero dar-lhe o fulgor que ilumina As estrelas que brilham sem parar, Betegeusa, Arcturus, Procyon, Altair, Vega, Spica e Achernar, Mas só posso lhe dar como presente O sincero carinho em meu olhar. Com pincel, eu queria lhe pintar Numa tela bendita, uma só vez, Mas não tenho o talento de Monet, Renoir ou qualquer pintor francês, Pra deixar registrada a santa imagem Da mulher mais bonita que Deu