sábado, 30 de novembro de 2019

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Serra dos Cavalos é um paraíso natural e paisagístico, um pouco de Mata Atlântica em pleno agreste pernambucano.

Toda a beleza de sua fauna e flora é contada neste cordel de Jénerson Alves, um excelente material para seu deleite e também para ser trabalhado em sala de aula!

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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Magdalena e Artemísia


Duas mulheres. Uma nascida em Mágdala, na Galileia, no 1º século. Relatos sobre sua vida se encontram nos evangelhos. S. Lucas registra, no capítulo 08: “Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios” (v.2). Em meio a um emaranhado de rótulos das mais diversas naturezas, a tradição cristã admite que, a partir de então, ela se tornou seguidora do Senhor Jesus, acompanhando-o inclusive na crucifixão e sendo uma das primeiras testemunhas da ressurreição (cf Jo 20).

A outra mulher nasceu em Roma, na Itália, no ano 1593. Seu nome, Artemisia Gentileschi. Ela é uma das principais referências do Barroco italiano. Entre as suas obras mais famosas, está ‘Maria Magdalena’, uma pintura redescoberta em 2011, datada entre 1613 e 1620. Outros artistas apresentam Magdalena com uma expressão de contemplação ou remorso por uma vida de pecado, mas Artemísia a retrata com um ar de satisfação enquanto se rende ao Senhor Deus.



O ombro descoberto simboliza um pouco da sensualidade da mulher retratada. A cabeça curvada para trás e o leve sorriso indicam a alegria por ter encontrado um caminho de paz, perdão e justiça. Com os olhos fechados, a mulher de Magdala não olha para uma luz externa, mas para dentro de si mesma, onde encontra o espírito do Salvador. Talvez nesta representação, Artemísia também retrate um pouco de si mesma: uma mulher que enfrentou desafios gigantescos, mas encontrou força para vencer através da luz celeste que irradiava dentro de seu coração.

Jénerson Alves 


Apeirokalia


Do grego, a palavra ‘apeirokalia’ significa “falta de experiência das coisas mais belas”. A partir deste conceito, compreende-se que o sujeito que não tem acesso a experiências interiores que despertem o desejo pelo Belo, pelo Bem e pelo Verdadeiro durante a sua formação, jamais alcançará o horizonte de consciência dos sábios.

A privação às coisas mais belas predomina em nosso país. Desconhecemos biografias de nossos ancestrais – ou, quando conhecemos, são enfatizados aspectos pouco louváveis de suas personalidades. As imagens identitárias do nosso povo são colocadas a baixo. Esculturas, construções, edificações, pinturas são pouco apresentadas. Até a nossa língua tem sido violada com o distanciamento do vernáculo e do seu significado.  A música real tem perdido espaço para séries de ritmos abomináveis.

Este problema perpassa por uma distorção da cosmovisão sobre o próprio ser humano. Hedonista, egocêntrico e materialista, o homem moderno busca simplesmente o seu bem-estar. Esta postura é diametralmente oposta à dos filósofos da Antiguidade e da Idade Média, que buscavam a virtude.

Para o filósofo alemão Eric Voegelin, a terrestrialização da transcendência humana constitui-se em um sintoma da decadência do intelecto. Em outras palavras, o homem contemporâneo é o ‘imbecil’, ou o ‘estulto’. Voegelin recorda que, na concepção grega, o homem é considerado um ser racional (teomórfico) e, na israelita, um ser pneumático (espiritual). “Já que é precisamente essa participação no divino, esse ser teomórfico, que constitui essencialmente o homem, a desdivinização é sempre seguida de uma desumanização”.

Ora, entendendo que a ‘apeirokalia’ é a ausência de experiência com as coisas mais belas, é possível inferir que a maneira de sair desta redoma é vivenciar experiências com as coisas mais belas. Para tanto, é mister entrar em contato com as mais elevadas obras da humanidade, seja na pintura, na música, na literatura, no teatro (ou cinema). Dostoiévski já afirmou: “A Beleza salvará o mundo”.

Convém salientar que a Beleza trata-se de uma realidade objetiva. Existem o Belo e o feio. Existem a virtude e o vício. Existem o Bom e o ruim. Existem a Verdade e a mentira. Urge reconhecer que existem tais diferenças. Semelhantemente, urge discerni-las. E é preciso distinguir quais são os artistas que exaltam o belo, o bom e o verdadeiro e quais os desprezam.

Com base nos relatos bíblicos, enquanto o Senhor Deus criava o mundo – no ano 4963 a.C. –, via que era tudo “muito bom”. Há no grego a palavra ‘kalokagathía’, que significa ‘beleza-bondade’. É a partir desta partícula divina presente nos artistas que a arte deve ser edificada. A verdadeira Beleza está relacionada à vida de forma plena, tocando no espírito e não instinto.

Vale ressoar as palavras do papa João Paulo II, na Carta Aos Artistas, datada de 04 de abril de 1999: “(...) desejo a todos vós, artistas caríssimos, que sejais abençoados, com particular intensidade, por essas inspirações criativas. A beleza, que transmitíreis às gerações futuras, seja tal que avive nelas o assombro. Diante da sacralidade da vida e do ser humano, diante das maravilhas do universo, o assombro é a única atitude condigna”.


Jénerson Alves

Crucificação de São Pedro


Crocificione di San Pietro é uma das mais conhecidas obras de Caravaggio. Produzida em 1601, encontra-se na Capela de Santa Maria del Popolo, em Roma. No quadro, é possível observar a técnica do chiaroscuro (mistura de luz e sombra) utilizada magistralmente pelo pintor. Com estética barroca, o fusionismo presente na imagem expressa elementos da oposição humano x divino.

Chama a atenção na obra o descomunal esforço envidado pelos algozes do Apóstolo. Apesar de longevo, o peso de S. Pedro é superior à força dos carrascos – dos quais, diga-se de passagem, não são revelados os rostos. Por sua vez, o discípulo do Senhor Jesus apresenta uma face serena, a despeito de estar frente à morte. A tranquilidade expressa na tela difere do caráter impulsivo do jovem Pedro demonstrado nos Evangelhos, aproximando-se da personalidade demonstrada em suas cartas, escritas na velhice do Apóstolo.

Ainda observando o quadro, vemos que o artista retratou a tradição cristã de que Pedro teria morrido crucificado de cabeça para baixo. Segundo os relatos, o Apóstolo não se sentia digno de ter uma morte similar à do Mestre. Supõe-se que Pedro tenha sido crucificado no ano 65, sob a perseguição de Nero.

Na sua segunda epístola, provavelmente redigida no ano 60, Pedro já admoestava aos cristãos da época acerca da proximidade de seu falecimento. “Sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já mo tem revelado” (II Pedro 1:14). A revelação de Cristo acerca da morte do discípulo deu-se após a ressurreição do Senhor, no momento em que Jesus lhe diz: “Quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras”, conforme está registrado no Evangelho de São João, capítulo 21.

A morte do Apóstolo Pedro revela o testemunho de um homem que se manteve fiel à sua fé. Ele era um rude pescador nascido em Betsaida, na Galileia, que ouviu o chamado de Jesus para ser feito “pescador de homens”.  Após soltar os remos e as redes do barco e caminhar com o Carpinteiro, presenciou milagres e maravilhas. Essa experiência fê-lo exclamar a essência da igreja cristã: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo” (Mt 16:16). Acerca desta confissão, explica-nos o padre Antônio Vieira no Sermão de São Pedro, pregado em Lisboa em 1644:

“Cristo é Filho de Deus, e nós também somos filhos de Deus: Dedit eis potestatem Filios Dei fieri. Em que se distingue logo Cristo de nós? Em que Cristo é Filho de Deus vivo, nós somos filhos de Deus morto. Cristo Filho de Deus vivo, porque Deus, que é imortal, o gerou ab aeterno; nós filhos de Deus morto, porque o mesmo Cristo, morto nos braços da cruz, foi o que nos gerou de novo e nos deu este segundo e mais sublime nascimento”.


Jénerson Alves

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