sábado, 30 de abril de 2022

Jefferson Moisés: “Sou apenas um brincante e misturador das palavras”

 



Poeta declamador e cordelista consagrado, Jefferson Moisés é um dos mais autênticos defensores da cultura nordestina. Nesta entrevista, ele fala sobre a importância da Literatura de Cordel e os rumos desta arte na região. Confira:



Conte-nos como começou seu envolvimento com a Literatura de Cordel...
Jénerson, o primeiro contato com a poesia foi ainda na infância, mas eu não imaginava que se tratava de literatura de cordel, acreditava sim, que fosse apenas uma poesia contada por algum poeta, que foi justamente quando meu pai comprou uma fita cassete do poeta e cantor Amazan declamando essas poesias engraçadas, então acabei memorizando rapidamente e assim declamava para os amigos, eu me sentia bem fazendo aquilo mas, foi no ano de 2017 através do poeta Nelson Lima que eu tive esse interesse para ter o conhecimento do que era literatura de cordel e vi que era algo bem mais do que imaginava, uma literatura com regra, praticamente com matemática devido
à sua metrificação, suas rimas, todo esse conjunto de regras. Então, foi justamente nesse ano que eu acabei mergulhando mais a fundo nessa Literatura e a cada dia estou pesquisando, procurando mais informações, aprendendo com grandes poetas, com os repentistas, pessoas ligadas a literatura de cordel e já são 5 anos declamando, escrevendo as minhas poesias e continuo me sentindo bem fazendo isso.



Na sua opinião, ser poeta é um dom ou uma habilidade adquirida com estudo?
Quando se olha as trajetórias dos poetas Patativa do Assaré e Leonardo Bastião como exemplo, você observa poesias magníficas de poetas que não tiveram estudos, que não frequentaram escolas ou se frequentaram foram por pouco tempo em sua infância, então esse é um grande exemplo de Dom, eles receberam o dom de poeta, mas sim pode se adquirir essa verve poética com estudos, com pesquisas, com leitura, que é o que estou fazendo. Na realidade, nem me considero poeta; sou apenas um brincante e misturador das palavras.


Você também é ator. O conhecimento no teatro favorece sua performance poética?
Apesar de estar sentindo falta de atuar no teatro apresentando alguma peça, esquete, sim ajuda bastante na performance poética pois o teatro deixa você mais "sem vergonha", assim posso dizer, e sabemos que muitas pessoas têm dificuldade de falar em público, lidar com a plateia, na verdade nunca tive essa dificuldade, sempre fui muito amostrado, no sentido bom da palavra, era o palhaço da turma, enfim.
Mas tem me ajudado sim a transmitir o sentimento que a escrita quer passar ao público.


A internet favoreceu a valorização do Cordel?
Falaram que o Cordel iria desaparecer com a chegada do rádio e o Cordel foi inserido no rádio, como falaram com a chegada da televisão e o Cordel foi parar nas novelas, filmes e minisséries e com a internet a mesma coisa. Lembro Jénerson, que fizemos uma peleja virtual, publicamos na rede social... Eita, até rimou...
Anunciamos o nosso CD versos diversos todo no formato de cordel também na internet, como também publicamos o nosso cordel em homenagem aos cem anos do time do Central de Caruaru, então a internet tem sim ajudado a valorizar nossa Literatura como tem facilitado na pesquisa de sua história e também dos poetas.


segunda-feira, 18 de abril de 2022

Monteiro Lobato e a Literatura Infantil no Brasil – por Jénerson Alves


Foto: Divulgação

Se estivesse vivo, Monteiro Lobato completaria 140 anos hoje. Em alusão a ele, 18 de abril é o Dia Nacional da Literatura Infantil. O escritor foi bastante ativo na vida cultural brasileira, com obras em formato de crônicas, contos, ensaios e, principalmente, uma série de livros infantis. Esses livros se popularizaram e revolucionaram a literatura infantil em nosso país, ao introduzir a simplicidade e estimular o imaginário das crianças.


Lobato foi um homem de várias atividades, como promotor, fazendeiro e jornalista. Ele é o verdadeiro fundador da indústria do livro no Brasil, além de ser um dos autores com maior contributo para nossa literatura.


Sua entrada no mundo das letras foi por acaso. Em 1914, como agricultor, mandou uma carta ao jornal Estado de São Paulo, posicionando-se contra a queima das matas em fazendas. O jornal a publicou com destaque, fora da seção ‘Queixas e Reclamações’, estimulando-o a continuar escrevendo.


Ao tomar gosto pela escrita, descobriu o valor da literatura infantil. “De escrever para marmanjos já me enjoei. Bichos sem graça. Mas para as crianças, um livro é todo um mundo”, registrou o autor.


Lembrar de Monteiro Lobato é, também, estimular a leitura, principalmente na infância, quando da formação do caráter do sujeito. Esse estímulo deve ser semeado na família, mas também na escola, onde os pequenos devem conhecer esse universo cultural. Um livro pode transformar o mundo – ou uma pessoa (que é a mesma coisa).


Jénerson Alves



sábado, 16 de abril de 2022

“O Evangelho instiga o estudo, a análise, o exame que requer leitura”, diz Nédia Galvão

 

Bacharel em teologia e pós-graduada em ciência da religião, Nédia Galvão é colaboradora dO Jornal Batista e uma das mentes férteis que engrandece o país. Nesta entrevista, ela fala sobre os desafios da escrita e a relevância da leitura. Confira:




Você tem uma vasta produção textual. Como despertou o talento para a escrita?
Olá! Antes de tudo expresso minha gratidão por este honroso convite. Não me considero com uma vasta produção textual, sei que sou como uma gota d'água em um oceano de tanta gente boa que tem inúmeras obras produzidas. Mas, tenho sim alguns trabalhos, artigos e resenhas publicadas em revistas. Tenho um e-book e escrevi um capítulo em um livro multidisciplinar. Também tenho tido o privilégio de publicar alguns textos no Jornal da Convenção Batista Brasileira.
Escrever para mim é uma forma de expressar e repassar conhecimento, simplesmente amo! Essa relação de intimidade com a escrita é desde minha infância. Sou da época da escrita cursiva, então lápis e papel eram meus brinquedos preferidos. Com lápis e papel na mão minha imaginação ia longe, eu escrevia estórias e viajava nelas. Eu era a chatinha da turma, a taxada de intelectual, por trocar muitas vezes as brincadeiras em grupo por um lápis e papel.


Qual o desafio de escrever e publicar na internet, onde há uma grande ‘enxurrada’ de informações?
A internet é um divisor de águas na vida daquele que nasceu em uma época sem ela, que é o meu caso. Costumo dizer que toda essa enxurrada de informações às vezes mais desinforma e deforma que informa. Isso é paradoxal, mas é exatamente assim!
Para falar dos desafios, porque são muitos, de escrever e publicar na internet, teríamos que fazer uma abordagem filosófica e sociológica o que daria "pano para mangas", mas de maneira sucinta, um dos maiores desafios é passar a mensagem de forma que o leitor compreenda o que está escrito na íntegra, sendo que hoje enfrentamos o problema grave da interpretação.
E nessa onda de interpretação pessoal que está em voga o que se escreve pode ser distorcido do significado original e aí é a ruína do texto.


Na sua opinião, a igreja tem, de um modo geral, incentivado a formação de leitores e escritores?
A igreja como instituição já foi grande incentivadora na formação de leitores e escritores. Hoje temos presenciado um declínio nesse incentivo. O grande número de analfabetos bíblicos nos nossos arraiais é comprovado pela observação.
As pessoas na igreja não falam mais com base na Bíblia, até porque não leem, ou se leem, leem textos fragmentados, aleatórios sem se ater a contextos e ao próprio texto na sua inteireza. Isso é triste!
Daí os achismos, as opiniões pessoais e até as filosofias e ideologias absorvidas por meio de uma doutrinação ferrenha que em nada tem a ver com o Evangelho.

Esse é o contexto de uma forma geral. Pessoas assim são mais fáceis de manipular.
Porém, o Evangelho instiga o estudo, a análise, o exame que requer leitura. É certo que nem todo leitor é um escritor, mas no que se refere à vida cristã, aquele que teve o privilégio e oportunidade de ser alfabetizado, tem a obrigação de ser um leitor assíduo das Escrituras que é o manual de fé e conduta do cristão.
Meu conselho é: não espere incentivo para ler, tome você a iniciativa, a princípio pode ser enfadonho, cansativo, mas com o tempo se tornará prazerosa a leitura da Bíblia e outros livros. Depois que a gente embarca nessa não dá vontade de sair.


Quais seus próximos projetos? Há algum livro em construção?

Meus projetos são tantos!!! Continuo com a mesma mente fértil da infância, minha mente vive borbulhando em pensamentos do que desejo fazer.
Meus próximos projetos são ler os livros que estão na minha estante me aguardando pegá-los, grifá-los, escrever à margem de cada capítulo meus resumos, enfim, essa é uma corrida que para mim não tem fim.
Continuar escrevendo também faz parte dos projetos, quero terminar de ler um livro de filosofia e resenhá-lo. Também estou com plano para um artigo que já está engatilhado, precisando de alguns ajustes.
Enfim, continuar estudando, lendo, escrevendo e repassando conhecimento são projetos que quero dar continuidade, é o que amo fazer.
E quanto a um livro, não tem nada em construção, mas dá pra acreditar que penso nisso?! Rsrsrs.




Carta de um soldado romano à sua esposa - por Jénerson Alves

 



Minha amada Lucrécia,


Espero que estejas bem e saudável. Sempre rezo aos deuses por nossa família. Escrevo-te para dizer que nesta missão no poderoso exército romano tenho sido acompanhado pela saudade de ti. Oh, quanto pulsa meu coração com vontade de rever a ti e às crianças! Há neste sentimento um peso maior do que todo o arsenal da nossa legião.


Quero, porém, relatar um fato ocorrido recentemente que muito me intrigou. Por esses dias, foi crucificado um certo Yeshua, que era chamado Rei dos Judeus. Fizemos para ele uma coroa de espinhos. Pusemo-la sobre ele e vestimo-lo com púrpura. Fitando seu rosto ensanguentado, zombamos dele e o esbofeteamos. Ele mantinha um inexplicável e inquietante silêncio.


Foi mandado ao Calvário, carregando o lenho. Pena capital comum a tantos criminosos, como bem sabes, minha querida. Porém, confesso-te que havia algo distinto neste crucificado. Durante todo o tempo, seus olhos reluziam um certo brilho, para os quais eu não conseguia olhar sem sentir uma comoção. Ele parecia me enxergar por dentro – e, de dentro dos seus olhos, parecia fluir uma fonte de bondade.


Poucas foram as palavras ditas por esse tal Yeshua. Uma dessas frases, amada minha, foi “Tenho sede”. Em vez de água, demos-lhe vinagre. Ele recusou. Depois, curvou a cabeça e expirou. Nesse momento, o sol se escondeu e a escuridão cobriu a terra. Sobre mim, porém, repousou o peso da dúvida. Passo os dias como que ouvindo uma voz me dizer que aquele homem era justo. E, pensando nele, sou eu que agora sinto sede – não de água, muito menos de vinagre. É uma sede da fonte de bondade que parecia fluir daqueles olhos…


Sobre esse assunto e outros mais, pretendo conversar contigo pessoalmente, ó minha amada Lucrécia.


Da parte de Cassius, soldado da legião romana.



Texto: Jénerson Alves

Imagem: The arrest of Christ, de Caravaggio



sábado, 9 de abril de 2022

“Escrever é se desligar daqui para se ligar em um outro lugar”, diz Julyanna Barbosa

 

Mestre em Literatura e Interculturalidade pela Universidade Estadual da Paraíba, Julyanna Barbosa se dedica a escrever ficção cristã e vem despontado no universo literário graças ao seu talento e produções criativas. Ela fala com a gente sobre ‘Metanoia’, sua nova obra, e outros assuntos. Confira:




Você está iniciando a pré-venda de seu novo livro, Metanoia. De que trata o enredo?
“Metanoia” é uma história de encontros e de desencontros entre dois jovens que têm suas vidas marcadas por traumas e por tragédias familiares. Ao longo da trama, o passado de ambos vai sendo revelado e, junto com ele, os pesadelos e as dores que precisam ser curados e deixados para trás. O enredo surpreende e deixa o leitor envolvido com os personagens do início ao fim.


Na sua avaliação, de que forma a ficção cristã contribui para a edificação espiritual?

A ficção cristã é um importante instrumento para a edificação espiritual (no caso daqueles que já experimentaram o novo nascimento), assim como uma ferramenta eficaz para propagar o Evangelho de Cristo (evangelizar os não convertidos). Embora não substitua a Bíblia Sagrada sob nenhuma hipótese, a ficção cristã pode auxiliar e instigar o leitor a buscar o conhecimento das Escrituras e a se aproximar mais intimamente de Cristo.


Você também é professora. Essa formação intervém, de alguma forma, em sua escrita?

Sim, sou licenciada em Letras (Língua Portuguesa), embora não esteja atuando na área já há alguns anos. Com certeza a formação nessa área foi fundamental na hora de escrever. Em termos técnicos, em se tratando da gramática propriamente dita, a experiência na sala de aula foi muito significativa, visto que o professor de português está todo o tempo lidando com regras ortográficas, concordância e sinais de pontuação. Mas um bom texto não se constrói apenas com termos e regras gramaticais. O lado criativo de desenvolver a escrita e de criar uma história com personagens tão vivos e quase tão reais, digamos, vai além do ambiente escolar, porque vai além de qualquer ambiente que não permeie puramente a imaginação. Escrever é se desligar daqui para se ligar em um outro lugar.


Como os interessados em sua obra podem adquirir seus livros?

Para adquirir meus livros, o leitor precisa apenas entrar em contato pelo Instagram @julyannabarbosa_ e mandar um direct ou clicar no link da bio que, automaticamente, vai ser guiado para uma conversa no WhatsApp .



Mil cairão ao teu lado - por Jénerson Alves

 


O que será de um pacifista convocado para a guerra? Essa pergunta é respondida no livro ‘Mil cairão ao teu lado’, que conta a história real do alemão Franz Hasel, que foi enviado para a tropa de elite da construção de pontes na Segunda Guerra Mundial. Mesmo em meio ao combate, Hasel decidiu ser fiel às suas convicções religiosas, chegando a adotar medidas drásticas e perigosas. Uma delas foi jogar fora a própria arma – ele era o melhor atirador da Companhia Pioneira 699 e queria fugir da tentação de matar alguém.


A obra também narra os dilemas sofridos pela esposa de Franz, Helene, e os quatro filhos. Decididos a não fazer parte do Partido Nazista, eles sofreram muitas perseguições e privações. Entretanto, também desfrutaram de verdadeiros milagres.


Disponível em várias línguas, o livro foi editado em nosso país pela Casa Publicadora Brasileira. Foi escrito por Maylan Schurch e Susi Hasel (a filha mais nova de Franz e Helene). Em que pese o cunho religioso, não se trata de uma obra doutrinária ou enfadonha. O leitor é transportado para o cerne da narrativa, chorando e rindo com as personagens.


Assim, o livro apresenta mais do que relatos históricos. É um retrato de nossa alma. Para além da guerra entre as potências mundiais, outra guerra é travada no coração de cada ser humano. Diante dos bombardeios da vida, cabe escolher entre a vida e a morte, a empatia e a impiedade, a fé e a incredulidade. Essa reflexão nos impele a uma ação. Que, na guerra, a(r)memo-nos para a paz.



Vou levar Lady Gaga para ouvir um baião de viola nordestina - Jénerson Alves

Mote e glosas: Jénerson Alves   Foto: Wikipedia Lady Gaga, cantora americana, É famosa demais no mundo inteiro, Fez um show lá no Rio de J...